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Jihadistas sírios entraram, esta sexta-feira, na cidade do norte da Síria, Aleppo. A ofensiva, iniciada na passada quarta-feira pelo movimento salafista Jabhat al-Nusra (HTS) contra o regime do Presidente sírio Bashar al-Assad, continua em marcha e está na parte mais oeste de Aleppo.

No Telegram, o movimento diz que será o “escudo e segurança” de Aleppo, prometendo “preservar as vidas e propriedades” da população. “Estamos a passar por um momento decisivo na história de Aleppo, um momento de esperança de um futuro melhor.”

Esta é a primeira vez desde 2016 que forças contra o regime de Bashar al-Assad entram na cidade de Aleppo, controlada há oito anos por forças leais ao Presidente sírio.

Por sua vez, o exército sírio afirmou que vai repelir a ofensiva dos jihadistas e dos seus aliados, que conseguiram entrar no interior da cidade de Aleppo. “As nossas forças continuam a repelir a grande ofensiva lançada por grupos terroristas armados“, assegurou o Exército sírio num comunicado, acrescentando que “conseguiram recuperar o controlo de certas posições”.

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Também o Observatório Sírio para os Direitos Humanos confirmou que as fações armadas “conseguiram entrar nos limites dos bairros de Hamdaniya e Nova Aleppo”, no oeste da cidade, onde os rebeldes realizaram “um duplo ataque suicida” com dois carros armadilhados.

Segundo ainda Observatório — com sede no Reino Unido e uma ampla rede de colaboradores no terreno — ocorreram “confrontos violentos” entre ambos os lados “após o avanço de um grande número de membros da Organização de Libertação do Levante e das fações em direção à cidade de Aleppo”.

Turquia diz que escalada é evitável e pede fim de ataques

Fronteiriça com Síria e com interesses no país vizinho, a Turquia, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, reagiu ao sucedido. Num comunicado no X, a diplomacia de Ancara pediu “calma” em Idbil e nas regiões perto da fronteira, algo que é uma “prioridade para a Turquia”. “Desde 2017, vários acordos foram firmados para a desescalada na área de Idbil.”

A Turquia, que apoiou certas fações contra o regime de Bashar al-Assad durante a guerra civil síria, lembrou que “avisou em várias plataformas internacionais que os ataques em Idbil atingiram um ponto que mina o espírito e a implementação dos tratados de Astana e que tem havido um grande números de baixas”.

No final de setembro, surgiram informações de que poderia haver uma reunião entre o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e Bashar al-Assad, mas o encontro acabou por não se concretizar.

Para a diplomacia turca, os ataques devem “terminar”. “De facto, os confrontos recentes resultam numa escalada indesejável das tensões na região. É da mais vital importância para a Turquia que a instabilidade seja evitada.” 

Ao mesmo tempo, o ministério turco assegurou que está a “monitorizar” os ataques contra “civis e contra a Turquia por grupos terroristas”, que estão a tentar “tirar vantagem do atual ambiente de instabilidade”.

“Em linha com o nosso compromisso na unidade e integridade territorial [da Síria] e da nossa prioridade na luta contra o terrorismo, estamos a seguir os desenvolvimentos de perto”, concluiu o comunicado do Ministério.

“Grande ofensiva” de jihadistas sírios surpreende Bashar-al Assad. Rebeldes estão perto dos subúrbios de Aleppo

Irão manifesta apoio a Assad e fala numa “conspiração orquestrada pelos EUA e Israel”

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, transmitiu ao seu homólogo sírio, Bassam al-Sabbagh, o apoio de Teerão na luta contra o grupo jihadista.

Num contacto telefónico, Abbas Araqchi garantiu que Teerão “apoiará o Governo e o povo sírios na batalha contra os grupos terroristas, que lançaram uma incursão em cidades e aldeias na província de Aleppo, no noroeste da Síria, nos últimos dias”, segundo a agência noticiosa semi-oficial iraniana Tasnim, que cita um porta-voz da diplomacia iraniana.

A mesma fonte indicou que Abbas Araqchi descreveu “o ressurgimento de grupos terroristas na Síria” como parte de “uma conspiração orquestrada pelos Estados Unidos e Israel depois de o regime sionista ter sido derrotado pela resistência no Líbano e na Palestina”.

Bassam al-Sabbagh, por seu lado, transmitiu ao seu homólogo iraniano a evolução dos combates e garantiu que “Damasco impedirá os terroristas e os seus patrocinadores de atingirem os seus objetivos maléficos”.

Rússia admite bombardear forças jihadistas

“A Força Aérea russa está a levar a cabo bombardeamentos com rockets em equipamentos e membros dos grupos armados ilegalmente, pontos de controlo, armazéns e posições de artilharia dos terroristas”, confirmou o porta-voz do Centro de Reconciliação para a Síria do Ministério da Defesa da Rússia.

De acordo com a imprensa russa, as operações militares comandadas por Moscovo já mataram 200 jihadistas entre quinta e sexta-feira. Adicionalmente, o vice-líder do departamento, Oleg Ignasyuk,  confirma a continuidade da “operação para repelir a agressão dos extremistas”.