O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, avisou esta sexta-feira a classe política que a realidade do país “é diferente” de Moçambique e reforçou que não tolerará desordens, mesmo em forma de passeatas públicas.

Sissoco Embaló fez a advertência quando falava para os estudantes e docentes da Universidade Amílcar Cabral (UAC), única instituição pública desse nível na Guiné-Bissau, mas que funciona com muitas dificuldades.

A reitoria da UAC batizou esta sexta-feira o seu anfiteatro com o nome “de general Umaro Sissoco Embaló“.

O Presidente guineense exortou os estudantes a serem vigilantes com os políticos “que querem criar confusão” no país e alertou-os que não devem deixar que o seu futuro seja estragado.

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Estão a tentar copiar o que acontece em Moçambique, um país que passou vários anos de guerra civil (…), mas digo a essa gente que a realidade é diferente aqui”, declarou.

O Presidente guineense afirmou que “alguns políticos insistem em tentar fazer passeatas”, quando na realidade “querem fazer confusão”.

A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), liderada por Domingos Simões Pereira, presidente do parlamento dissolvido por Embaló, ensaiou organizar uma passeata em Bissau, no passado dia 21, mas a polícia dispersou a manifestação e deteve vários opositores políticos.

Umaro Sissoco Embaló disse que se trata de uma tentativa de copiar o que se passa em Moçambique, onde o opositor ao regime, Venâncio Mondlane, tem estado a convocar o povo para as ruas, em manifestações de contestação aos resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral.

“Devíamos estar a dizer aos irmãos moçambicanos que não devem entrar por esse caminho nunca mais”, defendeu Embaló, sublinhando que a Guiné-Bissau “já está a mudar” através da sua presidência.

O Presidente guineense afirmou que os cidadãos “sentem que a imagem do país mudou” no concerto das nações e que “a mesma mudança está a acontecer internamente”, disse.

Em relação à Universidade Amílcar Cabral, criada em 2004, Umaro Sissoco Embaló disse ser “uma vergonha” a forma como vem funcionando, com sucessivas paralisações e carências denunciadas pelos estudantes e pelos docentes.

Uma das queixas sobre o funcionamento da UAC é o facto de atualmente não possuir estatutos próprios, uma situação que Sissoco Embaló prometeu resolver “sem qualquer demora”.

O Presidente deu orientações ao ministro da Educação e Ensino Superior, Henry Mané, no sentido de levar ao Conselho de Ministros a proposta de estatutos, que, disse, serão aprovados e, se chegarem à presidência, serão promulgados “no mesmo dia”.

Umaro Sissoco Embaló anunciou que o Governo, através do Orçamento Geral do Estado, vai começar a financiar as ações da UAC, mas também vai pedir apoios à China e ao Congo para “tornar a universidade Amílcar Cabral robusta”.

O Presidente guineense anunciou, igualmente, que a nova configuração da UAC passará a integrar a Faculdade de Direito de Bissau e a Faculdade de Medicina, que não podem ser “ilhas dentro do sistema do ensino público” do país.

A Faculdade de Direito de Bissau foi criada em 1990 e desde então tem contado com a assistência de Portugal e a Faculdade de Direito de Medicina, criada em 1986, é apoiada por Cuba.

Ambas são consideradas as melhores instituições de ensino superior na Guiné-Bissau.