O projeto “A cidade e os seus mapas”, de Alexandra Guimarães e Gonçalo L. Almeida, venceu o prémio “Working class heroes” na edição 2024 do festival Porto/Post/Doc, anunciou a organização do certame que terminou este sábado no Porto.

O prémio na categoria “Working class heroes” é o de maior valor financeiro no festival, com uma bolsa de 75.000 euros destinada à produção do projeto ao longo de dois anos em residência artística na cidade.

Para o júri, “A cidade e os seus mapas” é uma “corajosa ambição de desvendar os complexos poderes invisíveis que remodelam tanto as nossas vidas quanto a cidade”.

O projeto é “um ato de resistência que traz à tona a consciencialização sobre uma nova classe de trabalhadores explorados na era digital”, acrescentou.

O projeto dos dois alunos da Escola Superior Artística do Porto foi um dos três convidados pela organização do festival a apresentar um projeto que reflita sobre as múltiplas faces da classe trabalhadora do Porto.

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Na competição internacional, cujo prémio tem um montante de 3.000 euros, o vencedor foi “Bogancloch”, de Ben Rivers, pelo modo “como supera a habitual distinção de sentidos na nossa relação no mundo com as imagens, sons e palavras”, considerou o júri.

“O filme — “que não é sobre mas com” – envolve-nos numa textura material de coexistência. Gentil e generosamente”, sustentou o júri.

Filipa César e Marinho de Pina, com “Espiral em ressonância” venceram o prémio Cinema falado, no montante de 1.500 euros.

“Luta ca caba inda – a luta ainda não acabou”, escreve o júri sobre o prémio atribuído àquela coprodução entre Portugal, Guiné, Bissau e Alemanha e distinguido em abril último, em Paris, com o Prémio Bibliotecas, no festival Cinéma du Réel.

Para o júri, “Espiral em ressonância” materializa “a possibilidade de reconciliar memória e imaginação, história e utopia”.

Já o prémio Transmission, no valor de 1.000 euros, foi para “Teaches of Peaches”, de Philipp Fussenegger e Judy Landkammer, considerando o júri tratar-se de um “documentário honesto sobre um artista em envelhecimento e a luta deste para permanecer relevante duas décadas depois”. Um filme que “retrata a resiliência e perseverança” do “artista e performer”, frisou.

Na categoria Cinema Falado foi atribuída uma menção honrosa ao documentário “As noites ainda cheiram a pólvora”, do realizador moçambicano Inadelso Cossa, no qual este revisita a aldeia da avó, tendo as memórias da Guerra Civil Moçambicana (1977-1992) e os confrontos entre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) como pano de fundo.

Um “belo” e “indispensável” filme, que “inicia uma conversa urgente e necessariamente longa sobre a guerra civil em Moçambique e as feridas ainda abertas que ficaram”, nomeadamente numa altura em que a sociedade moçambicana “volta a debater o seu futuro político nas ruas”, sustentou o júri.

Na categoria Cinema Novo, o prémio de 500 euros foi para “Uma crosta de ferro”, de Vasco Barbedo, com ação centrada num imigrante brasileiro que durante o dia trabalha numa fábrica de motores elétricos e peças de automóveis e à noite, no seu carro, mantém encontros sexuais ocasionais com outros homens.

Para o júri, “é o filme que evidencia o gesto de realização mais forte” ao apresentar “uma forma cinematográfica original em prol de uma visão precisa sobre a classe trabalhadora no Portugal de hoje”.

A 11.ª edição do festival Porto/Post/Doc, festival do cinema real do Porto, começou no dia 22, com um programa temático intitulado “O movimento dos povos” e enfoque na obra da realizadora georgiana Salomé Jashi.

O certame decorreu em várias salas da cidade, com destaque para o Batalha Centro de Cinema, Trindade, Passos Manuel, Ferro bar, Casa Comum, Reitoria da Universidade do Porto ou no Planetário do Porto.