Uma ofensiva lançada na quarta-feira por rebeldes ‘jihadistas’ no norte da Síria fez pelo menos 412 mortos, incluindo 61 civis, segundo um novo balanço fornecido este domingo por uma organização não-governamental (ONG).
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG sediada em Londres que tem uma rede de fontes no território sírio, a ofensiva custou a vida a 214 rebeldes, 137 membros das forças pró-regime de Bashar al-Assad e 61 civis, dos quais 17 mortos este domingo.
Uma coligação de grupos rebeldes liderados pelos islamitas do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o antigo ramo sírio da organização terrorista al-Qaida, lançou na quarta-feira uma ofensiva relâmpago mortal no norte da Síria e tomou controlo da maior parte de Alepo, a segunda maior cidade do país, e de várias outras cidades, nomeadamente na província de Hama.
Incapaz de repelir o ataque numa primeira fase, o Presidente sírio, Bashar al-Assad, tem apostado na via diplomática, em particular junto dos seus aliados tradicionais — Rússia, Irão e o movimento xiita pró-iraniano libanês Hezbollah.
Num encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Aragchi, al-Assad sublinhou a importância do “apoio dos aliados” para “enfrentar os ataques terroristas”, relatou a Presidência síria.
De acordo com a agência noticiosa estatal iraniana IRNA, a viagem do chefe da diplomacia iraniana teve como objetivo transmitir a mensagem de que o “apoia fortemente” o exército e o Governo sírios.
O Irão, principal apoiante do governo de Damasco, denunciou a situação na Síria como o resultado do “fracasso do regime israelita”, que “está a tentar desestabilizar a região através destes grupos terroristas”.
Outros países, como a Jordânia, também começaram a pronunciar-se, seguindo os passos dos Emirados Árabes Unidos, que no sábado manifestaram o seu apoio “ao Estado sírio na luta contra o terrorismo” e a importância de manter a “soberania, a integridade territorial e a estabilidade” da Síria.
Fontes de segurança turcas divulgaram a vários órgãos de comunicação social turcos que decorriam combates entre milícias curdas que combatem islamitas numa ténue aliança com Damasco em zonas a norte de Alepo, depois de o governo de al-Assad ter começado a “transferir território” para essas milícias.
Segundo fugas de informação da Turquia, país que combate estes grupos, qualificados de terroristas, numerosos curdos terão atravessado a leste do rio Eufrates (fronteira da zona curda do país árabe) e “começaram a utilizar armas pesadas pertencentes à organização”.
Segundo a fonte turca, estes combates impediram os curdos de criar um corredor da cidade estratégica de Tel Rifaat para as suas zonas no nordeste da Síria.
Neste contexto, as forças islamitas propuseram aos curdos que ainda permanecem em alguns bairros de Alepo que partam com “as suas armas” para o nordeste da Síria, uma vez que a sua luta é contra “o regime criminoso de Al-Assad” e as milícias iranianas.
Por seu lado, os curdos, agrupados nas Forças Democráticas Sírias (FDS), afirmaram hoje que enfrentam uma ofensiva na zona, pela qual responsabilizaram a Turquia, cujo objetivo é “ocupar todo o território sírio”, afirmaram em comunicado.
Os grupos curdos são apoiados pelos EUA na sua luta contra os remanescentes do Estado Islâmico que permanecem na zona.