Foi um grito de revolta para fora, ganhou sobretudo eco para dentro. “Não vimos o Atilla Karaoglan [VAR] em campo mas ele foi o homem mais importante deste jogo, sendo um homem invisível. Falo em nome de todos os adeptos do Fenerbahçe. Não o queremos, não queremos este árbitro, nem como VAR, nem como árbitro de campo. Jogamos contra bons adversários mas também jogamos contra o sistema. Também culpo as pessoas do Fenerbahçe que me trouxeram para aqui, contaram-me metade da história. Se me tivessem contado tudo, não teria vindo para o Fenerbahçe”, atirou depois do triunfo nos segundos finais do encontro fora contra o Trabzonspor. Ainda houve uma derrota nos Países Baixos mas a realidade mudou.

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Em termos internos, o conjunto de Istambul partiu de seguida para duas goleadas na Liga turca, contra o Sivasspor (4-0) e o Kayserispor (6-2). No plano internacional, a contar para a Liga Europa, o Fenerbahçe foi a Praga bater o Slavia com uma reviravolta (2-1) e subiu dez lugares na classificação. Se nem tudo começara da melhor maneira para o treinador português, a equipa conseguiu ir estabilizando, assimilou de outra forma os comportamentos coletivos para retirar o melhor da parte individual e até mesmo a rodar vários jogadores conseguiu a melhor série de triunfos consecutivos na Liga (quatro) e na temporada (três). Agora, na receção ao Gaziantep, procurava aumentar a série com um aliciante extra saído do arranque da 14.ª jornada.

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“Felicito os jogadores porque foram fantásticos. Fizeram uma grande exibição. Jogámos as nossas cartas e tudo correu como queríamos. Os meus jogadores foram fantásticos. Foi difícil para mim gerir este jogo porque tínhamos jogadores com cartões amarelos e não tínhamos suficientes no banco, não tínhamos médios e defesas no banco. Foi ótimo que os jogadores tenham mantido o equilíbrio em campo para evitar o segundo cartão amarelo. Estamos numa situação positiva na Liga Europa e vamos tentar decidir o nosso destino em casa mas antes disso temos de pensar no Campeonato, porque temos um jogo difícil na segunda-feira”, tinha comentado José Mourinho após o triunfo com o Slavia e ainda antes do empate do líder Galatasaray frente ao surpreendente Eyuspor, que levantava a hipótese de o Fenerbahçe ficar a três pontos da liderança.

O encontro voltou a começar da melhor forma para a equipa de José Mourinho, com mais uma recuperação de bola no meio-campo contrário a colocar a bola na referência Youssef En-Nesyri que assistiu Oguz Aydin para o primeiro golo (3′) antes de En-Nesryi falhar isolado na área num lance em que os visitantes tinham dois jogadores no terreno a pedir assistência sem que o árbitro tivesse interrompido o jogo (10′). Tudo estava fácil para o conjunto da casa, que mesmo a meio gás e um quarto de velocidade ia conseguindo aguentar a vantagem, mas o Gaziantep nunca descolou da partida, chegando mesmo ao empate ainda antes do intervalo com David Okereke a receber no peito na área, a rematar de primeira para uma defesa inicial de Livakovic e a marcar na recarga o 1-1 (41′) antes de Bruno Viana ameaçar a reviravolta após um canto (45+4′).

Mourinho queria mais e não demorou a mexer, lançando Amrabat para assumir as operações do meio-campo e Saint-Maximin para ter outra criatividade na frente. Mais uma vez, tudo mudou. Por um lado, o Fenerbahçe assentou arraiais no meio-campo contrário, jogando com outra velocidade e colocando mais unidades no último terço mesmo sem agressividade desejável; por outro, o Gaziantep perdeu a capacidade de sair rápido em transições, permitindo com isso que o cerco se fosse apertando. Saint-Maximin, num remate após uma diagonal da esquerda para o meio, acertou na trave ainda com um desvio do guarda-redes de Dioudis (58′) mas a missão estava complicada perante a ansiedade que se apoderava da equipa até que Rodrigo Becão subiu mais alto na área após canto de Tadic e fez o 2-1, “encaminhando” os três pontos (78′).

O central brasileiro formado no Bahia que passou por CSKA Moscovo e Udinese antes de chegar à Turquia na última temporada marcou o primeiro golo da temporada com a oitava assistência de 2024/25 de Dusan Tadic e lançou a euforia no Estádio Sükrü Saracoglu, que ainda entrou em ebulição numa confusão entre Bruno Viana e Mert Müldür junto ao banco do Fenerbahçe que não tinha nessa altura José Mourinho (tinha ido à zona técnica contrária cumprimentar o técnico adversário após Selçuk Inan ver um amarelo por protestos) e entrou em delírio com o 3-1 de Edin Dzeko, num remate fabuloso de primeira sem deixar cair a bola e quase sem ângulo na área após um cruzamento de Fred (89′). A vitória estava de vez garantida e a formação de Istambul chegava aos 32 pontos, menos três do que o líder Galatasaray mas a depender de si para o título.