Quase 43% dos inquiridos num estudo da Universidade Católica admite a possibilidade de trabalhar a tempo parcial após a idade da reforma, com predominância para os homens.

“Os homens mostraram maior interesse em trabalhar após a reforma (54,1%) e uma maior concordância com o aumento da idade da reforma (72,5%). Por sua vez, as mulheres valorizaram mais o papel social das pessoas acima dos 55 anos”, lê-se no documento elaborado pelo Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica.

A maioria dos inquiridos (51,7%) discorda totalmente do aumento da idade da reforma previsto para 2030.

No mesmo inquérito, a grande maioria dos participantes (73,3%) indicou não ter interesse em trabalhar após a reforma.

Os mesmos dados revelam que 42,6% considera “provável ou muito provável” a possibilidade de trabalhar a tempo parcial após a idade da reforma, “demonstrando maior abertura para este regime de trabalho”.

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Os autores do estudo investigaram as perceções e atitudes da população portuguesa relativamente à longevidade, bem como o interesse em continuar a trabalhar após a reforma.

“Este tema assume particular relevância face à projeção da Comissão Europeia, que estima que, até 2030, a idade da reforma em Portugal deva atingir os 67 anos, impulsionada por um aumento projetado na esperança média de vida em cerca de oito anos”, justificam os investigadores.

Para 2025, está já previsto que a idade da reforma aumente para 66 anos e sete meses.

O estudo foi realizado em julho, junto de 997 pessoas, e apresentou alguns resultados comparativos face a um inquérito de 2011.

Nas principais áreas de contribuição das pessoas com mais de 55 anos, destacam-se cuidar dos netos (71%), trabalhar (69,4%) e consumir bens e serviços (68,7%).

“Contudo, registou-se uma redução na valorização das contribuições financeiras e do cuidado familiar face a 2011, o que reflete mudanças nas perceções sociais ao longo do tempo”, assinalam os autores.

Os participantes entre os 30 e os 39 anos foram os que mais concordaram com o aumento da idade da reforma (30%). Já o grupo dos 40 aos 49 anos destacou-se pela maior probabilidade de trabalhar a tempo parcial após a reforma (52,8%) e pela importância atribuída ao cuidado dos netos e ao consumo.

As pessoas entre os 50 e os 59 anos demonstraram maior interesse em continuar a trabalhar (29,6%) e atribuíram maior importância ao trabalho e ao voluntariado como contribuições significativas.

Mais de metade dos inquiridos (52,8%) demonstrou preocupação moderada com o aumento da proporção de pessoas com mais de 65 anos em Portugal, enquanto 28,4% manifestou muita preocupação.

Os autores do trabalho consideram que os dados evidenciam um aumento da consciencialização face ao envelhecimento demográfico, quando comparados com os resultados do Eurobarómetro de 2011 (15.4 p.p. para muito preocupado e 4.8 p.p. para razoavelmente preocupado).