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População invade sede local da Frelimo e encontra centenas de cartões de eleitores

População invadiu a sede da Frelimo em Muecate, na província de Nampula, e encontrou centenas de cartões de eleitores, muitos em caixas de computadores avariados, que depois espalhou na rua.

Captura de ecrã do vídeo onde se veem os cartões de eleitores espalhados na rua
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Captura de ecrã do vídeo onde se veem os cartões de eleitores espalhados na rua

Captura de ecrã do vídeo onde se veem os cartões de eleitores espalhados na rua

A 60 quilómetros de Nampula, a quarta cidade mais importante de Moçambique, a população de Muecate invadiu e vandalizou esta quarta-feira o Comité Distrital da Frelimo, o partido no poder há 49 anos. E encontrou, num dos gabinetes, o do primeiro secretário, centenas de cartões de eleitores, avançou o Canalmoz e confirmou ao Observador o diretor do portal de notícias Ikweli, de Nampula.

As centenas de cartões de eleitores estavam guardadas em caixas comuns e também dentro das chamadas “torres” ou seja, caixas de computadores fixos que estavam avariados. Num vídeo que rapidamente circulou nas redes sociais, é possível ver os jovens que entraram nas instalações da Frelimo com uma dessas caixas na mão antes de a atirar para o meio da rua, onde vários cartões de eleitores já estavam espalhados.

Há mais de um mês que as ruas de várias cidades moçambicanas se enchem de protestos e gritos de fraude, desde que a Comissão Nacional de Eleições declarou vencedor o partido Frelimo e o seu candidato presidencial Daniel Chapo, com 70% dos votos nas eleições gerais de 9 de outubro.

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Pelo que este caso de Muecate — onde também foi incendiada a sede da OMM (Organização da Mulher Moçambicana), a casa do primeiro secretário da Frelimo, e a do guarda do partido e a casa do diretor distrital do STAE [Secretariado Técnico de Administração Eleitoral], segundo o Ikweli —  veio reforçar as vozes que apontam muitas irregularidades no processo, como enchimento de urnas e falsificação de editais, por exemplo.

O Observador contactou o governo de Moçambique sobre este e outros incidentes mas até ao momento não obteve qualquer resposta.

Enquanto o Conselho Constitucional valida os resultados e aprecia os recursos interpostos pela oposição, Venâncio Mondlane, que garante ter vencido nas urnas e que teve de sair do país invocando razões de segurança depois de dois elementos-chave da sua candidatura terem sido assassinados, tem convocado sucessivas manifestações que têm sacudido o país e onde já morreram mais de 76 pessoas nos confrontos com a polícia.

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Primeiro dia de nova fase de protestos com vários mortos e feridos

Esta quarta-feira iniciou-se um novo ciclo de protestos, a que o candidato apoiado pelo Podemos (Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique), chamou de “4×4”, em que apelou a paralisação dos carros durante oito dias. O dia foi, uma vez mais marcado por muita tensão e violência, sobretudo em Nampula e Pemba.

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“Foi um dia terrível em Nampula, houve mortes, forças de segurança dispararam com balas reais, com 16 pessoas feridas gravemente, tendo uma acabado por morrer no hospital”, disse ao Observador Aunício da Silva, diretor do Ikweli. E em Pemba, “houve chacinas”, acrescenta o jornalista que viu as instalações do seu jornal ser alvo de gás lacrimogéneo lançado pela diretamente pela polícia.

Nas redes sociais de alguns ativistas, como a de Quitéria Guirengane e em alguns órgãos de comunicação social moçambicanos foram publicadas imagens demasiado cruas para serem aqui publicadas das vítimas de Pemba.

Segundo o porta-voz do Comando geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Orlando Modumane, cinco pessoas morreram no protesto desta quarta-feira, tendo sido esquadras da polícia sido total ou parcialmente destruídas. Modumane revelou ainda que 100 pessoas foram detidas.

O mesmo número de vítimas mortais é referido pelo balanço da Plataforma Eleitoral Decide, plataforma da sociedade civil, que aponta quatro mortes em Nampula, por exemplo e 22 pessoas baleadas, 14 delas nesta cidade.

Quitéria Guirengane explica, no entanto, ao Observador, que o balanço da Decide ainda não está atualizado com as vítimas de Pemba e de Sofala, onde quatro pessoas foram baleadas e uma morreu.

A venda de crachás, alunos rasgam exames e o autarca que joga futebol com os manifestantes

O dia foi ainda marcado por quatro outros momentos, dois da rua, um presidencial e outro autárquico. O primeiro foi a criação de um novo negócio em que manifestantes vendem em Maaputo crachás com o rosto de Venâncio Mondlane e símbolos do Podemos. Funciona como um “passaporte” para poder circular em Maputo — que esta quarta-feira voltou a ter pneus a arder nas ruas e contentores do lixo a barrar a passagem de carros — e não pagar as “portagens” que alguns dos que protestam exigem para deixar passar as pessoas nas barricadas que erguem nas principais artérias da capital e nos acessos aos bairros.

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O segundo foi a adesão massiva de estudantes aos protestos, saindo às ruas, rasgando exames em dia de avaliação, ou impedindo outros de terem aulas, como é visível em vários vídeos partilhados nas redes sociais. Em Chibuto (Gaza), alunos do ensino secundário chegaram a cercar alguns polícias enquanto gritavam: “Dispara, dispara, dispara!”

O terceiro acontecimento é mais uma declaração do Presidente Nyusi: numa conversa com reitores disse que as manifestações só permitiram cobrar 80% das receitas e que o governo poderá não ter dinheiro para pagar aos professores e aos enfermeiros, por exemplo. “Nós não temos orçamento doado”, lamentou o Chefe de Estado, citado pelo jornal MozNews.

E, finalmente, um momento do poder local. O autarca do município de Marracuene, na província de Maputo juntou-se aos manifestantes que jogavam futebol nas ruas bloqueadas.

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