Se Vladimir Putin, presidente da Rússia, ou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, pisarem solo português, ambos devem ser detidos, defende Paulo Raimundo. A posição do secretário-geral do PCP foi revelada numa entrevista à Rádio Renascença.
Ao lado de Jerónimo de Sousa e de Carlos Carvalhas, ambos antigos secretários-gerais do partido, Raimundo foi instado a clarificar qual o posicionamento do PCP quanto ao cumprimento do mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) quanto a Vladimir Putin, acusado de crimes de guerra.
Em resposta, o líder comunista afirmou positivamente, não deixando, contudo, de acrescentar que o mesmo deve ser feito quanto a Benjamin Netanyahu, também ele alvo de um mandado de captura do TPI.
“Ainda que esteja na moda que subscritores do TPI decidam o que fazem em função do foragido, Portugal, como membro e subscritor, teria de cumprir aquilo a que está obrigado, seja ele quem for”, defende Raimundo.
A ressalva do líder comunista quanto a Netanyahu foi feita dada a “hipocrisia total” de que acusa países como França, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros alertou para a possível imunidade do primeiro-ministro israelita a mandados do TPI.
Na sequência da mesma conversa, Raimundo fez ainda saber que não se revê no regime de Putin e que o PCP “não recebe lições de democracia de ninguém”. “Nós lutámos durante 48 anos para acabar com o fascismo no nosso país, somos construtores do regime democrático, somos construtores da Constituição da República Portuguesa”, atirou.
Questionado pela rádio se a Rússia, a Coreia do Norte, a China ou a Venezuela são democracias, o secretário-geral do PCP não respondeu, lançando ao invés outros nomes: “E o Irão, Arábia Saudita, Angola, Argentina, Geórgia ou a Moldávia?” Em todos esses casos, defendeu que tais exemplos “têm as formas de organização que o povo de cada um destes países decidiu que deve ter”.