As últimas semanas do Benfica têm sido essencialmente resultadistas. Os encarnados somaram cinco vitórias consecutivas, entre Campeonato, Taça de Portugal e Liga dos Campeões, mas as exibições cinzentas e uma clara dependência da individualidade de Di María intensificaram a ideia de que a equipa de Bruno Lage tem sido mais pragmática do que brilhante.

Esta quarta-feira, porém, voltava a ser importante ganhar — mais do que jogar bem. O Benfica recebia o Bolonha na Luz na sexta jornada da Liga dos Campeões e uma vitória deixava os encarnados ainda mais cimentados na zona de apuramento para o playoff que dá acesso aos oitavos de final, principalmente numa altura do calendário em que os últimos dois jogos da fase inicial só serão disputados em janeiro.

Ficha de jogo

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Benfica-Bolonha, 0-0

Fase de liga da Liga dos Campeões

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Radu Petrescu (Roménia)

Benfica: Trubin, Alexander Bah, Otamendi, Tomás Araújo, Álvaro Carreras, Florentino, Fredrik Aursnes, Kökçü (Arthur Cabral, 81′), Di María, Aktürkoğlu (Jan-Niklas Beste, 72′), Pavlidis (Amdouni, 72′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, André Gomes, António Silva, Leandro Barreiro, Schjelderup, Gianluca Prestianni, Issa Kaboré, Rollheiser, Adrian Bajrami

Treinador: Bruno Lage

Bolonha: Lucasz Skorupski, Stefan Posch (Tommaso Corazza, 89′), Sam Beukema, Nicolò Casale (Dan N’Doye, 73′), Emil Holm, Lewis Ferguson, Nikola Moro (Remo Freuler, 73′), Kacper Urbanski (Tommaso Pobega, 73′), Giovanni Fabbian (Jhon Lucumí, 73′), Samuel Iling-Junior, Thijs Dallinga

Suplentes não utilizados: Nicolas Bagnolini, Federico Ravaglia, Martin Erlic, Santiago Castro, Jens Odgaard

Treinador: Vincenzo Italiano

Golos: nada a registar

Ação disciplinar: cartão amarelo a Pavlidis (24′), a Florentino (48′), a Giovanni Fabbian (53′), a Alexander Bah (60′), a Nicolò Casale (62′), a Kökçü (63′), a Otamendi (77′), a Remo Freuler (89′), a Sam Beukema (90+5′)

“A equipa sente-se motivada para corresponder a cada momento. Foi esse o objetivo que nós traçámos quando cá chegámos, há três meses. Traçámos um plano com aquilo que são as ideias que queríamos para a equipa e os jogadores têm feito um trabalho exemplar. Vai ser um calendário difícil e apertado, com o jogo em atraso. Sentimos a equipa motivada, os jogadores têm de estar todos disponíveis para poderem corresponder. Um bom exemplo disso é que desde o nosso início que tivemos boas atuações de jogadores que vieram do banco para ajudar a equipa. Toda a gente tem de estar preparada, toda a gente tem de estar motivada para corresponder a cada momento”, explicou o treinador encarnado na antevisão da partida.

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Ora, neste contexto e com Kökçü de volta, depois de ter cumprido castigo contra o V. Guimarães no Campeonato, Bruno Lage recuperava o onze habitual e colocava o turco nas costas de Pavlidis, com o natural apoio de Di María e Aktürkoğlu ao grego. Do outro lado, num Bolonha que vinha de um empate contra a Juventus e que estava afundado na zona de eliminação da Liga dos Campeões, Vincenzo Italiano tinha Dallinga como referência ofensiva, para além de Samuel Iling-Junior, Giovanni Fabbian e Urbanski.

O golo começou praticamente com um golo anulado. Ainda dentro dos cinco minutos iniciais e na sequência de um erro defensivo do Bolonha, Di María aproveitou para isolar Pavlidis na área e o avançado grego picou a bola por cima de Lucasz Skorupski, mas estava em posição irregular (3′). Os italianos responderam com um remate de Giovanni Fabbian, depois de um passe errado de Florentino (5′), e os dois momentos foram durante muito tempo as aproximações mais perigosas às duas balizas.

O Bolonha tinha mais bola e estava quase sempre inserido no meio-campo contrário, com o Benfica a não ter a capacidade de resgatar a iniciativa e a limitar-se a controlar as investidas italianas. A equipa de Vincenzo Italiano também não demonstrava enorme critério ou discernimento na hora de entrar no último terço e o jogo arrastou-se durante a primeira meia-hora praticamente sem situações de perigo ou pontos de interesse.

A partir daí, porém, o Benfica pareceu acordar. Ainda que não conseguisse ter muita posse de bola ou criar oportunidades de bola corrida, a equipa de Bruno Lage passou a aproveitar as linhas subidas do Bolonha para soltar transições rápidas e explorações da profundidade. Di María (30′) e Aursnes (36′) remataram ambos contra adversários e o argentino teve mesmo uma enorme ocasião para marcar, com um pontapé de primeira que Skorupski defendeu depois de um grande cruzamento de Carreras (43′).

Ao intervalo, contudo, tudo continuava empatado. O Bolonha tinha mais bola mas de forma muito inconsequente, o Benfica corria atrás do jogo mas criou as oportunidades mais flagrantes. No fim da primeira parte e depois de 45 minutos algo aborrecidos, o resultado parecia servir muito mais aos italianos do que aos portugueses, que eram muito mais objetivos na hora de procurar finalizações.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Benfica entrou melhor, com outra pressão alta e uma reação à perda de bola distinta que não permitia ao Bolonha ter o controlo das ocorrências que demonstrou na primeira parte. Ainda assim, a primeira oportunidade pertenceu aos italianos, com Dallinga a fugir a Otamendi na velocidade e a rematar para uma defesa atenta de Trubin (51′).

Os encarnados assumiram uma superioridade clara na segunda parte e a dinâmica da partida inverteu-se. A equipa de Bruno Lage criava perigo essencialmente pelo corredor direito, onde Aursnes também aparecia a descair para a ala e a causar desequilíbrios, e Pavlidis ficou muito perto de abrir o marcador com um remate para defesa de Skorupski depois de um cruzamento do norueguês (65′).

O treinador encarnado mexeu nesta fase, trocando Aktürkoğlu e Pavlidis por Jan-Niklas Beste e Amdouni, e Vincenzo Italiano lançou N’Doye, Pobega, Freuler e Lucumí de uma vez. A superioridade do Benfica intensificou-se depois das substituições, com Di María a rematar contra um adversário (79′) e Amdouni a ter uma enorme oportunidade para marcar com um pontapé cruzado que Skorupski defendeu (80′), e Bruno Lage fez all in ao colocar Arthur Cabral.

Mas até ao fim, e mesmo com mais um remate perigoso de Amdouni que Skorupski também defendeu (90′), já nada mudou. Benfica e Bolonha empataram sem golos na Luz e os encarnados mantêm-se em zona de apuramento para o playoff que dá acesso aos oitavos de final, com 10 pontos e no 15.º lugar. As próximas duas jornadas, porém, são contra Barcelona e Juventus — e só em janeiro poderá Bruno Lage tirar o verdadeiro raio-x à importância do que se passou esta quarta-feira.