O presidente do Governo da Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque, alertou que com o chumbo do Orçamento Regional para 2025 “todas as obras vão parar” no arquipélago e a previsível queda do executivo vai trazer instabilidade.
“Todas as obras previstas para lançar no Orçamento (2025) vão ficar paradas”, nomeadamente a construção do novo Hospital Central e Universitário da Madeira, lançando muitos trabalhadores deste empreendimento no desemprego, afirmou o chefe do executivo madeirense.
Miguel Albuquerque, que falava na Calheta, onde participou num convívio de Natal para idosos, acrescentou que “outra coisa que vai ficar parada é a atualização do complemento para os idosos”. “Não sei se hoje será a ultima vez que vou estar aqui na qualidade de presidente do Governo com vocês”, disse o líder insular, complementando que, na próxima terça-feira, o seu executivo “poderá ser deitado abaixo no Parlamento [Regional]”.
Terça-feira, na Assembleia Legislativa da Madeira será debatida e votada uma moção de censura ao Governo Regional do PSD que tem a aprovação anunciada, caso os partidos da oposição mantenham a posição anunciada de votar a favor.
Ao ser aprovada, esta iniciativa representa a queda de um executivo madeirense pela primeira vez em cerca de 50 anos. “Acho que têm de saber que esta situação, do meu ponto de vista, pode trazer graves consequências para a Madeira e para a vida de todos os madeirenses e porto-santenses”, salientou Albuquerque.
Também reforçou que o Orçamento Regional, que foi chumbado na passada segunda-feira com os votos de toda a oposição, logo na generalidade, “contemplava todo um conjunto de obras que faziam parte de compromissos” assumidos com a população, entre os quais “as atualizações salariais, mobilidade de carreiras e um conjunto enorme de obras muito importantes para o futuro”.
Realçando a importância da obra de construção do novo hospital da Madeira que é “a maior de Portugal neste momento” e “é essencial para a qualidade de vida dos madeirenses, quer no presente, quer no futuro”, reforçou que “no próximo ano vai parar” por não haver orçamento aprovado.
“As minhas responsabilidades para convosco eu assumo, mas quando o meu governo está impedido de governar por razões que não são fundamentadas, eu tenho que delegar a responsabilidade naqueles que querem o desgoverno e a instabilidade”, vincou.
O líder regional considerou que “só a estabilidade, segurança e só a previsibilidade traz bem-estar e prosperidade a todos”. “Na próxima semana o nosso governo previsivelmente vai cair e a partir daí quem vai falar novamente é o povo”, enfatizou, colocando o cenário de novas eleições antecipadas no arquipélago.
E concluiu: “Espero que o povo tenha a lucidez e sobretudo a coerência de saber aquilo que é bom para o futuro de todos nós”.
As últimas eleições legislativas antecipadas aconteceram a 26 de maio deste ano, tendo o PSD continuado a ser o partido mais votado, mas sem conseguir assegurar uma maioria absoluta pela primeira vez na região. A Assembleia Legislativa da Madeira é constituída por 47 deputados, sendo 19 do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, tendo a IL e o PAN um elemento cada.