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O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu, esta quinta-feira, que a transição na Síria seja feita “pelos sírios e para os sírios, todos os sírios”, e que seja “inclusiva, credível e pacífica”.

Em declarações na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres criticou os ataques israelitas ao território sírio (mais de 400, segundo os próprios números de Israel), classificando-os como “violações da soberania síria e da sua integridade territorial” e defendendo que “têm de cessar”.

O político português pediu ainda que a transição síria tenha em conta “todas as comunidades” étnicas ou religiosas, e que seja conduzida de maneira a que “os direitos das mulheres e das raparigas sejam plenamente respeitados”.

Guterres considerou que a Síria constitui agora “uma chama de esperança” numa região do Médio Oriente consumida por múltiplos conflitos e disse que os sírios “enfrentam um momento histórico”, mas também reconheceu que a transição será delicada e “há um risco real de descarrilar”.

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O secretário-geral da ONU citou especificamente os combates que continuam a acontecer no norte do país — principalmente entre grupos rebeldes curdos e outros apoiados pela Turquia — e os repetidos bombardeamentos de Israel contra instalações militares sírias, além da incursão de soldados israelitas para lá da linha de demarcação dos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1973.

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Referindo-se especificamente a Israel, defendeu que “a soberania e a unidade territorial da Síria devem ser totalmente restauradas e todos os atos de agressão devem terminar imediatamente”.

Além dos combates e do processo político, Guterres lembrou ainda que a Síria “continua a ser uma das maiores crises humanitárias do mundo” devido ao número de mortos, desaparecidos e deslocados pela longa guerra civil que durou mais de 10 anos.

Precisamente para promover a procura de pessoas desaparecidas, Guterres anunciou também a nomeação da mexicana Karla Quintana como responsável da Instituição independente para Pessoas Desaparecidas na Síria, criada pela Assembleia Geral da ONU no ano passado.

Uma ofensiva na Síria, lançada a 27 de novembro a partir da província de Idlib, permitiu aos “jihadistas” e aos rebeldes tomar a capital, Damasco, e pôr fim ao regime da família al-Assad, no poder desde 1971 — primeiro com Hafez al-Assad (1971-2000) e depois com o seu filho, Bashar — face a uma retirada constante das tropas governamentais, apoiadas pela Rússia e pelo Irão.