O antigo ministro da Administração Interna José Luís Carneiro exigiu esta sexta-feira “explicações claras” ao primeiro-ministro sobre a operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, referindo ser preciso cumprir “princípios da adequabilidade e da proporcionalidade” nestas operações.

“A partir do momento em que o primeiro-ministro chamou a si o comando político das operações policiais, o que se passou ontem na Mouraria exige explicações claras da sua parte”, afirmou o socialista José Luís Carneiro através da rede social X.

Segundo o antigo ministro e deputado do PS, “as operações policiais, mesmo preventivas, exigem justificação e o cumprimento dos princípios da adequabilidade e da proporcionalidade”.

O primeiro-ministro considerou na quinta-feira que a operação da PSP no Martim Moniz, em Lisboa, foi “muito importante” para criar “visibilidade e proximidade” no policiamento e para aumentar a sensação de tranquilidade dos cidadãos portugueses.

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Primeiro-ministro diz que operação da PSP foi “muito importante” para aumentar sensação de tranquilidade

O BE, o PCP e o Livre já requereram a audição da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, no parlamento para esclarecer a operação policial no Martim Moniz, considerando-a inadequada, desproporcional e passível de criar “alarme social”.

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A operação policial de quinta-feira no Martim Moniz resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

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Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP esclarece que uma pessoa foi detida por posse de arma proibida e droga e outra por ser suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.

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Questionada sobre esta questão, a porta-voz do Cometlis, Ana Raquel Ricardo, explicou que uma “operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas” que por ali circulem.

O contingente empregue “foi o necessário” para uma operação deste tipo, referiu, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.