O novo chefe do Executivo de Macau, Sam Hou Fai, disse esta sexta-feira, após tomar posse, que o território deve atrair mais profissionais qualificados do exterior para ajudar a diversificar a economia, altamente dependente dos casinos.
Num discurso perante o líder chinês, Xi Jinping, o antigo magistrado prometeu acelerar “a criação de uma área de aglomeração de talentos internacionais de alta qualidade” na região semiautónoma chinesa.
Macau implementou em julho de 2023 um programa de captação de quadros qualificados do setor financeiro e das áreas de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, entre eles Prémio Nobel. O programa prevê, entre outras vantagens, benefícios fiscais.
No final de outubro, o secretário-geral da Comissão de Desenvolvimento de Talentos disse que Macau aprovou 464 das mais de mil candidaturas ao programa.
Chao Chong Hang admitiu que a esmagadora maioria destes quadros vem da China continental (80%) ou de Hong Kong (10%), mas sublinhou que 47% têm “experiência de trabalho ou de estudo no estrangeiro”.
Especialistas disseram à Lusa que o programa tem critérios mais apertados do que outras jurisdições rivais e oferece vistos demasiado curtos.
Sam Hou Fai prometeu no discurso melhorar “os sistemas e mecanismos de educação, ciência e tecnologia, e talentos”.
O novo líder de Macau garantiu ainda que a região vai ligar-se “proativamente com o mundo [e] desempenhar plenamente o papel da plataforma sinolusófona”.
Pequim estabeleceu em 2003 Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.
A organização tem como membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe (desde 2017) e Guiné Equatorial (desde 2022).
Sam Hou Fai apontou a promoção do “desenvolvimento moderadamente diversificado da economia” como uma prioridade e prometeu “resolver problemas de desenvolvimento económico desequilibrado e descoordenado”.
Durante a campanha, o então candidato chegou mesmo a dizer que os casinos tiveram um desenvolvimento desequilibrado, atraindo demasiados recursos humanos, “o que é desvantajoso para o desenvolvimento a longo prazo de Macau”.
Nos primeiros nove meses do ano, os serviços turísticos representaram 79,7% da economia da cidade.
Sam falava após ter tomado posse como novo chefe do Executivo do território, no dia em que se comemora o 25.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).