O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, defendeu numa publicação nas redes sociais que o fim da passagem de gás russo pelo território ucraniano, que hoje se concretiza, é “uma das maiores derrotas” de Moscovo.

“Quando [Vladimir] Putin chegou ao poder na Rússia, há mais de 25 anos, o volume anual de gás enviado através da Ucrânia para a Europa era de mais de 130 mil mihões de metros cúbicos; hoje, o volume de gás em trânsito é zero, o que significa uma das maiores derrotas de Moscovo”, escreveu o líder ucraniano.

A mensagem surge no dia em que o contrato de passagem de fornecimento de gás da Gazprom para vários países europeus terminou, como já tinha sido anunciado nas últimas semanas.

“Às 07:00 [locais, 05:00 em Lisboa] do dia 01 de janeiro de 2025, o Acordo de Interação entre a GTS e a Gazprom para pontos físicos de interligação entre os sistemas de transporte de gás da Ucrânia e da Rússia, datado de 30 de janeiro, expirou”, explicou o operador, em comunicado.

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“Assim, o transporte de gás natural do ponto de entrada de Sudzha, na fronteira leste da Ucrânia, para os pontos de saída nas fronteiras oeste e sul foi encerrado”, adianta o GTS, sublinhando que os parceiros internacionais foram informados.

O contrato de fornecimento de gás era uma fonte de receitas multimilionárias para a Rússia, que permitia à empresa Gazprom exportar para a Áustria, a Hungria, a Eslováquia e a Moldova, mas também significava cerca de 700 milhões de dólares (cerca de 672 milhões de euros) por ano para a Ucrânia.

A decisão foi explicada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa declaração feita em Bruxelas no dia 19 de novembro, quando afirmou recusar que a Rússia continua “a ganhar milhões” enquanto mantém uma política de agressão ao seu país.

A Rússia garantiu, no entanto, que vai sobreviver ao encerramento da passagem do seu gás pela Ucrânia. O Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a Gazprom será capaz de lidar com a perda do trânsito do produto pela Ucrânia, disse numa conferência de imprensa realizada na terça-feira. “Nós sobreviveremos, a Gazprom sobreviverá”, afirmou, referindo, no entanto, que sempre defendeu a “despolitização das questões económicas” e alertando que o preço dos combustíveis irá aumentar.

Fontes da Comissão Europeia garantiram que o impacto desta nova situação “será limitado” no abastecimento da União Europeia que ao longo dos últimos dois anos procurou fontes alternativas, sobretudo através de contratos de gás natural liquefeito, que é mais caro.

Mas para a Europa, a perda do fornecimento de gás russo barato contribui para uma grande desaceleração económica, um aumento na inflação e um agravamento da crise do custo de vida, mas os países europeus têm sido rápidos a encontrar fontes alternativas de energia.

A Gazprom, que já foi a maior exportadora de gás do mundo, registou um prejuízo de cerca de 6,5 mil milhões de euros em 2023, naquele que foi o seu primeiro ano sem lucros desde 1999.

A Moldávia será um dos países mais afetados pelo corte do transporte de gás russo pela Ucrânia que abastecia uma das principais centrais produtodas de eletricidade. O país está a tentar reduzir o consumo e conta com importações da vizinha Roménia para evitar rupturas. No entanto, a região separatista da Transnístria foi forçada a cortada o fornecimento de aquecimento e água quente à população, na sequência do fim do abastecimento de gás russo.

A interrupção no transporte de gás russo foi imediatamente sentida pela população da província onde vivem 450 mil pessoas que falam russo. A população está a ser aconselhada a recorrer a cobertores para camuflar a entrada de frio por portas e janelas, a permanecer numa só divisão da casa e a recorrer a aquecedores elétricos para substituir os sistemas de aquecimento central a gás.