O último dia do ano não foi propriamente fácil para o Barcelona. No culminar de uma novela que se arrastava há semanas, o clube da Catalunha teve a confirmação de que Dani Olmo não será reinscrito na La Liga — ou seja, de que a precária inscrição do internacional espanhol, com duração até ao final do ano civil, não seria prolongada. O que significa, naturalmente, que Dani Olmo não poderá jogar no Barcelona até ao final da temporada.

A situação é complexa e alarga-se também ao jovem Pau Víctor, ainda que com as devidas diferenças em termos de impacto financeiro e mediático. Quando foi contratado ao RB Leipzig no verão, naquele que foi o grande investimento do Barcelona no último mercado de transferências, Dani Olmo custou 55 milhões de euros aos cofres catalães. Já a braços com a questão do fairplay financeiro que tem assombrado Camp Nou nos últimos anos, o Barcelona empurrou a questão da inscrição do avançado para o futuro — e encontrou uma solução temporária.

Aproveitando a grave lesão de Andreas Christensen, os catalães inscreveram Dani Olmo no lugar do central dinamarquês e acreditaram que, no final do ano e quando essa inscrição expirasse, já teriam garantias financeiras suficientes para justificar a contratação do jogador. Nas últimas semanas, porém, o cenário não se confirmou. E nem a presença de Joan Laporta nos escritórios do Barcelona na manhã de terça-feira, o último dia do ano, levaram a La Liga a dar luz verde à inscrição — repetindo uma história que em anos recentes já tinha acontecido com Aleix Vidal e Arda Turan.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o comunicado do organismo, que entretanto até já apagou as páginas de Dani Olmo e Pau Víctor do site oficial, o Barcelona “não apresentou nenhuma alternativa que, atendendo ao cumprimento da normativa de controlo económico da Liga, lhe permita inscrever jogadores a partir do dia 2 de janeiro”. O clube chegou a abordar diretamente a Real Federação Espanhola de Futebol, para pedir licenças especiais que permitissem inscrever os dois jogadores, mas o organismo apressou-se a recordar que só a Liga está autorizada a inscrever jogadores profissionais de futebol.

“É o único clube sem dinheiro e compra os jogadores que quer. É meio estranho e louco”: a dúvida de Nagelsmann sobre o Barcelona

Ainda assim, e de acordo com o El Mundo, o Barcelona não vai desistir. O clube tem uma última esperança na venda da exploração dos lugares VIP do futuro Spotify Camp Nou, que já foi vendida a um fundo do Qatar, e espera conseguir apresentar garantias e provas de um encaixe financeiro de 100 milhões de euros ainda esta sexta-feira. Resta saber se a La Liga, comandada pelo pouco flexível Javier Tebas, vai aceitar a nova investida do Barcelona e permitir a inscrição de Dani Olmo e Pau Víctor.

Se o cenário de não jogar pelo Barcelona até ao final da temporada acabar mesmo por ficar confirmado, o contrato de Dani Olmo prevê que o jogador possa sair durante o mercado de inverno a custo zero — o que poderia originar um rombo milionário nos cofres catalães. O internacional espanhol teria direito ao pagamento de todos os salários até ao final do contrato, válido até 2030 e num valor de cerca de 48 milhões de euros, para além de que o clube ficaria desde logo sem a possibilidade de realizar um encaixe financeiro significativo com uma futura venda.

Ainda assim, por agora, este não parece ser o cenário em cima da mesa. Dani Olmo esteve presente no primeiro treino do ano, apesar de já não estar inscrito, e o jornal Marca garante que o jogador mantém a esperança de que o caso fique resolvido e ainda possa representar o Barcelona na segunda metade da temporada, sendo que levava seis golos e uma assistência em 15 jogos com Hansi Flick. Mesmo que tal não aconteça, a imprensa espanhola dá mais força à possibilidade de empréstimo, com o avançado a regressar à Catalunha no verão ao invés de passar os próximos seis meses sem jogar.

De forma natural, porém, todo o episódio está a alavancar a oposição a Joan Laporta. O movimento “Som un clam” emitiu nas últimas horas um comunicado a exigir a demissão do presidente do Barcelona, assegurando que o caso de Dani Olmo foi a gota de água de uma “gestão errática” que nunca conseguiu “redirecionar o rumo do clube”.