Os tempos são de incerteza e instabilidade. Os últimos dias voltaram a trazer à tona aquela que é a atual realidade de um dos clubes mais badalados do mundo. Depois da derrota frente ao Newcastle (0-2), a quarta consecutiva, Ruben Amorim voltou a falar sobre a atual situação do Manchester United e assumiu que o clube está a lutar pela… manutenção. O técnico português deixou ainda uma mensagem para o balneário (mais uma), dizendo que “a equipa não está a melhorar” e “está um pouco perdida”. Na imprensa inglesa surgiu também a alegada lista de dispensáveis do clube, com nomes como Marcus Rashford, Christian Eriksen e Victor Lindelof à cabeça.

A lista de dispensáveis, o “suicídio futebolístico” e o fantasma da descida de divisão: a passagem de ano de Amorim não trouxe boas notícias

Já na antevisão ao jogo deste domingo, que também foi pautado pela incerteza e esteve em risco de não se realizar devido ao nevão que assola a região de Liverpool, Amorim confirmou a extensão do contrato de Harry Maguire, justificando a decisão com o facto de os red devils estarem “famintos por líderes em campo”. Nesse sentido, Alejandro Garnacho juntou-se a Rashford no lote de indisciplinados e, segundo os ingleses, foi inicialmente afastado pelo português devido ao seu comportamento, num episódio que começou no jogo com o Plzen, a 12 de dezembro.

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Este domingo quase que tocaram os extremos da Premier League, com o líder incontestável Liverpool a receber um Man. United com mais derrotas (nove) que vitórias (quatro) e com menos de metade dos pontos do rival (45 contra 22). Com Arne Slot no comando, os reds estão a realizar uma primeira metade de temporada de alto nível, tendo triunfado em quase todos os desafios do Campeonato — tinha apenas três empates e uma derrota em 18 jogos. Por outro lado, Ruben Amorim somou seis derrotas em dezembro e os red devils chegaram a Anfield mais próximos dos lugares de despromoção (a sete pontos) do que aqueles que dão acesso às provas europeias (a 13 pontos).

“Eles [os jogadores] por vezes têm medo em campo. Temos de lidar com isso. Precisamos que os líderes deem um passo em frente para ajudar os outros, e eu sou a pessoa mais responsável para melhorar o desempenho. Vê-se que os jogadores estão a tentar. Por vezes estão demasiado ansiosos e receosos de jogar futebol. Este é um momento difícil. Tensão? Podem ver na minha cara. Podem comparar a forma quando cheguei e agora. Claro que quando se está a perder há muita pressão. É difícil lidar com todos os problemas”, analisou Amorim na antevisão.

“Os treinadores simpatizam uns com os outros. Todos sabemos a pressão que desempenhar este cargo traz. É algo que gostamos. Tal como já disse, o Ruben esteve muito bem no Sporting e acho que tem um bom grupo de jogadores. Eventualmente vai conseguir tirar o melhor que há neles. Claro que não planeamos descansar jogadores. Para mim, o Man. United tem jogadores muito melhores do que a classificação sugere neste momento. Pode demorar um bocadinho para que o Ruben consiga tirar o melhor de cada um, mas são muito melhores do que a tabela faz parecer”, abordou, por sua vez, Slot.

Ibrahima Konaté e Conor Bradley regressaram aos treinos na sexta-feira, mas só o primeiro foi titular, ao passo que Dominik Szoboszlai ficou de fora devido a doença e Diogo Jota sentou-se no banco. Já Ruben Amorim voltou a ficar privado de Rashford pelo mesmo motivo, mas pôde contar com Manuel Ugarte e Bruno Fernandes no onze inicial, que também teve Diogo Dalot. Com os red devils mais compactos a meio-campo e à procura de contra-atacar, a primeira ocasião saiu pelo corredor direito dos reds e acabou com um remate de Luis Díaz por cima (13′).

O Liverpool começava a encontrar o espaço e, na ocasião seguinte, foi a vez de Ryan Gravenberch aparecer entrelinhas e isolar Cody Gakpo que, com pouco ângulo devido à rápida saída de André Onana, rematou ao lado (14′). Logo a seguir, Salah voltou a receber solto de marcação e aproveitou uma descoordenação defensiva para servir Alexis Mac Allister que, com um remate forte, obrigou o guarda-redes camaronês a aplicar-se (16′). Na primeira oportunidade do Man. United, Amad Diallo apareceu completamente sozinho dentro da área, mas falhou a direção do cabeceamento (20′).

O jogo continuou em aberto, mas com maior ascendente dos homens da casa que, através de um remate de longe de Gravenberch voltaram a criar perigo (29′). Foi nos últimos minutos da primeira parte que o Man. United fez o primeiro remate à baliza, Rasmus Hojlund a aproveitar o espaço nas costas de Trent Alexander-Arnold, mas a perder no frente a frente com Alisson Becker (42′). Assim, o nulo não foi desfeito durante a primeira parte, com Amorim a cumprir metade do seu objetivo: conter o Liverpool.

A segunda metade abriu com os red devils quase a sofrerem de canto, um cenário trágico que tem vindo ao de cima na era Amorim, mas Onana acabou por conseguir sair a tempo da baliza (48′). Na resposta, Bruno Fernandes desbloqueou o jogo com um grande passe a isolar Lisandro Martínez que, só com Alisson pela frente, desferiu um grande remate para o golo (52′). A defesa do Liverpool continuou intranquila e, pouco depois, Kobbie Mainoo voltou a criar perigo (55′). Os reds restabeleceram-se no ataque e, depois de um mau alívio dos red devils, Gakpo recebeu na esquerda, passou por Matthijs de Ligt e fez o empate (59′).

Apesar do empate, Slot manteve as substituições que tinha preparado, com Jota e Darwin Núñez a entrarem para o ataque e, depois de um cabeceamento de Arnold, De Ligt cortou a bola com o braço dentro da área, levando Michael Oliver a assinalar o penálti depois de ver as imagens (68′). Mohamed Salah assumiu a cobrança, atirou para a direita, Onana ainda adivinhou, mas o egípcio completou mesmo a reviravolta (70′). Já com Garnacho em campo, os reds voltaram a conceder espaço na direita, Garnacho recebeu sem oposição e cruzou para o remate certeiro de Diallo (80′).

Nos últimos minutos, Bruno Fernandes tentou surpreender Alisson na sequência de um livre e quase foi feliz, só que a bola saiu das mãos do guarda-redes diretamente para fora (89′). Na sequência da jogada, o Man. United não conseguiu finalizar e, no contra-ataque, Jota e Bradley forçaram Onana a duas grandes intervenções (89′). No canto, Mac Allister desviou ao primeiro poste, Virgil van Dijk completou, mas Onana voltou a defender (90+1′). Na derradeira oportunidade, Bruno descobriu Joshua Zirkzee dentro da área, o avançado colocou em Maguire que, completamente sozinho, rematou por cima quando tinha tudo para marcar (90+6′).

Com este empate, chegou ao fim a série de quatro vitórias consecutivas do Liverpool, bem como a série de quatro derrotas do Man. United. Os reds continuam isolados na liderança da Premier League fruto dos 24 jogos sem perder e têm mais seis pontos do que o Arsenal. Os red devils subiram ao 13.º posto, com os mesmos 23 pontos do West Ham.