A Proteção Civil registou, entre a meia-noite de domingo até às 7 da manhã desta segunda-feira, 276 ocorrências associadas ao mau tempo em Portugal continental, avançou à Rádio Observador fonte da entidade. A maioria está relacionada com inundações (93), assim como quedas de árvores (65) e de estruturas (58).
As ocorrências envolveram 1.001 operacionais e 367 meios terrestres. A zona de Lisboa e Vale do Tejo foi particularmente afetada (105 ocorrências), seguida das regiões Norte (84) e Centro (65). No entanto, o comandante Alberto Fernandes, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), avança à Rádio Observador que a ocorrência mais grave aconteceu em Peniche, no domingo, e envolveu 21 habitações, nas quais foram registados danos no telhado. Também se registaram quedas de árvores e sinalização caída para a via pública, sem vítimas a registar. O fenómeno foi dado às 15h45 para um fenómeno de vento extremo no Bairro Luís de Camões, em Peniche.
José António Rodrigues, comandante dos bombeiros locais, disse à agência Lusa que o fenómeno surgiu no mar, a um quilómetro e meio da cidade de Peniche, e “levou telhas por onde passou” ao atingir terra.
Os bombeiros de Peniche, com 37 operacionais e 11 veículos, dois elementos da Proteção Civil Municipal, quatro funcionários do Município de Peniche e dois agentes da PSP foram mobilizados para repor os danos da ocorrência, avançou a mesma fonte.
O comandante Alberto Fernandes, da Proteção Civil, sugere cuidado na circulação junto à costa e que se adote uma condução defensiva.
Aviso amarelo mantém-se devido à agitação marítima
Entretanto, o território português continua sob aviso amarelo para a agitação marítima em 12 distritos e para a neve na Serra da Estrela. No entanto, a chuva intensa vai acalmar, pelo menos até terça-feira, indicou o meteorologista Pedro Sousa, em declarações à Rádio Observador.
“Existe uma melhoria significativa do tempo em relação ao dia de ontem [domingo]. Hoje [segunda-feira], será um dia de aguaceiros, em especial no Norte e Centro que deverão diminuir de intensidade e frequência ao longo dia”, afirmou. Em termos de precipitação não há avisos em vigor, e até terça-feira não se espera precipitação significativa. Já na quarta-feira deverá haver novo agravamento.
Esta segunda-feira espera-se neve nas terras altas de Norte e Centro, mais significativa na Serra da Estrela, com avisos amarelos para os distritos de Castelo Branco e da Guarda.
Em relação à agitação marítima, preveem-se ondas de quatro a cino metros de noroeste já durante esta segunda-feira, prolongando-se até ao final da tarde.
Em relação a cuidados extra, Pedro Sousa diz que se trata de uma “situação normal de inverno” que requer os cuidados habituais, incluindo um afastamento da zona costeira.
A forte agitação marítima que já se sente no grupo ocidental dos Açores vai piorar e, na terça-feira, prevê-se que possam existir ondas de oeste com sete a oito metros de altura, segundo informações do IPMA, que decidiu emitir um aviso laranja para as ilhas das Flores e Corvo.
O site do IPMA revela, por outro lado, que as fortes chuvas que assolaram o país durante este fim-de-semana deverão terminar até à meia-noite de domingo, hora de término de todos os alertas amarelos no continente que diziam respeito à precipitação.
A forte agitação marítima vai manter-se até ao final da tarde de segunda-feira um pouco por toda a costa, como é o caso de Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Setúbal, Viana do Castelo, Leiria ou Lisboa, com ondas de sudoeste a rondar os quatro a cinco metros, passando gradualmente a ondas de noroeste na segunda-feira. Os ventos fortes também vão atingir muitas regiões do país, com rajadas até aos 80km/h no litoral, como será o caso do distrito do Porto.
Já a sul, em Faro, o alerta amarelo avisa para os perigos da agitação marítima, prevendo-se ondas de sudoeste com quatro metros.
Mas, até à meia-noite deste domingo, muitas regiões, como Viseu, Porto, Vila Real, Viana do Castelo ou Braga, irão continuar a sentir as chuvas, com possibilidade de ocorrência de trovoada e queda de granizo.
Mau tempo está ligado à passagem da depressão Floriane
O mau tempo registado este domingo em Portugal continental e no arquipélago da Madeira, inclusive com chuva e ventos fortes, deve-se à passagem de uma depressão, denominada Floriane, que se fará sentir até segunda-feira, avisou o IPMA.
“Nas próximas horas, o continente estará sob a influência de uma massa de ar pós-frontal, ainda instável, associada à circulação da depressão Floriane, prevendo-se aguaceiros por vezes fortes, que poderão ser ocasionalmente de granizo e acompanhados de trovoada”, referiu o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), numa informação divulgada pelas 16h00 de domingo.
A partir da manhã de segunda-feira, os aguaceiros em Portugal continental deverão ser “gradualmente menos frequentes e intensos”, segundo a previsão meteorológica.
A Floriane, nome atribuído pelo MeteoFrance (serviço meteorológico de França), deslocou-se ao longo do Atlântico em direção a leste e esteve centrado a sudoeste das ilhas britânicas.
O instituto português indicou que a depressão irá “impactar significativamente” a costa norte de Espanha e a região do Golfo da Biscaia, com vento e agitação marítima fortes.
Em Portugal continental e no arquipélago da Madeira, durante a noite e manhã deste domingo, “sentiram-se os efeitos da superfície frontal fria associada à referida depressão, com precipitação e rajadas de vento por vezes fortes”.
Além do aviso quanto à previsão de aguaceiros por vezes fortes no território continental português no final do dia de domingo, o IPMA indicou que o vento irá soprar por vezes forte, esperando-se rajadas da ordem dos 70 a 80 quilómetros por hora (km/h) no Minho, no Douro Litoral e nas terras altas.