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O ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski, defendeu, esta segunda-feira, “o regresso às fronteiras internacionalmente reconhecidas” da Ucrânia, deixando a porta aberta a possíveis concessões territoriais “por iniciativa da Ucrânia”.
“A Polónia considera que a solução mais natural e sustentável seria o regresso às fronteiras internacionalmente reconhecidas”, declarou o ministro, durante uma conferência de imprensa com o homólogo francês, Jean-Noël Barrot, em Paris.
“Qualquer outra solução deverá ser da iniciativa da própria Ucrânia”, acrescentou, recordando que o Presidente russo, Vladimir Putin, “negociou pessoalmente e ratificou o tratado de fronteiras entre a Rússia e a Ucrânia em 2004”.
“A Ucrânia merece a paz, precisa da paz. Mas uma paz em condições justas. Não uma capitulação”, sustentou Sikorski.
O chefe da diplomacia polaca apelou ainda para que se “acelere o alargamento da União Europeia (UE) a leste e ao sudeste”, asseverando que “o objetivo da Rússia é destruir a arquitetura de segurança da Europa”.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, exortou, na manhã desta segunda-feira, os ucranianos a “realizarem conversações realistas sobre as questões territoriais”, para encontrar uma solução para o conflito desencadeado pela invasão russa em 2022, num contexto desfavorável a Kiev no campo de batalha.
Macron defende que Kiev seja realista sobre questões territoriais
De facto, a Rússia apoderou-se de cerca de 20% do território ucraniano e, nos últimos meses, acelerou o seu avanço militar no leste do país.
“O que o Presidente da República disse é que caberá aos ucranianos, quando chegar o momento, interrogar-se sobre estas questões” territoriais, respondeu, por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, inquirido sobre essa matéria.
“Cabe aos ucranianos escolher o momento e as condições para negociações de paz”, acrescentou, afirmando que cada um deve desempenhar o seu papel e que “o papel dos Estados Unidos hoje é certamente o de continuar a apoiar a Ucrânia, como tem feito desde o início desta guerra de agressão”.
Há semanas que se especula muito sobre as condições de futuras negociações de paz, após o regresso à Casa Branca, a 20 de janeiro, do Presidente norte-americano eleito, Donald Trump, que prometeu acabar rapidamente com a guerra, embora sem especificar como.
Kiev espera decisões fortes, mas também receia uma redução do apoio norte-americano, uma vez que Trump criticou repetidamente os milhares de milhões de dólares fornecidos durante a presidência do democrata Joe Biden a Kiev.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 — após o desmoronamento da União Soviética — e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
No terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização de Biden à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.