O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse esta terça-feira esperar um reforço das relações entre o Japão e os Estados Unidos face aos “desafios globais”, apesar do diferendo em torno da empresa US Steel.
“O Japão e os Estados Unidos estão a reforçar as suas relações não só na região, mas também em termos de questões globais”, disse o secretário de Estado norte-americano, em Tóquio.
“Embora haja uma transição de administração nos Estados Unidos, continuaremos a avançar de forma constante para enfrentar vários desafios”, acrescentou Blinken, no início de um almoço de trabalho com o homólogo japonês, Takeshi Iwaya.
O diplomata deverá ser substituído por Marco Rubio com a tomada de posse, a 20 de janeiro, do Presidente eleito Donald Trump.
Esta visita “mostra não só a importância, a centralidade que os Estados Unidos atribuem à nossa aliança”, disse Blinken.
“Esta aliança, acredito, está realmente mais forte do que nunca”, disse o secretário de Estado, sublinhando a necessidade de coordenação face às ameaças da Coreia do Norte.
O regime de Pyongyang lançou um míssil balístico em direcção ao mar do Japão enquanto Blinken se encontrava de visita à Coreia do Sul.
Nippon Steel vai contestar decisão de Biden de bloquear aquisição da U.S. Steel
Iwaya reiterou que gostaria de “continuar a elevar a aliança Japão-EUA a novos patamares” e comprometeu-se a ter uma conversa abrangente com Blinken sobre o estado actual das relações bilaterais.
O encontro aconteceu um dia depois da empresa japonesa Nippon Steel e da norte-americana US Steel anunciarem uma ação na justiça contra a administração de Joe Biden por “ingerência ilegal” no projeto de aquisição da siderurgia norte-americana pelo grupo nipónico.
Num comunicado conjunto, os dois grupos indicaram que interpuseram recurso num tribunal dos Estados Unidos, considerando que Biden usou a sua influência de forma indevida para fins políticos.
Biden anunciou na sexta-feira a decisão de bloquear a compra da US Steel pela japonesa Nippon Steel por motivos de segurança nacional e para garantir que “os Estados Unidos têm uma indústria nacional de aço forte”.
“Esta aquisição colocaria um dos grandes produtores de aço norte-americanos sob controlo estrangeiro e teria criado riscos para a nossa segurança nacional e para as nossas cadeias de abastecimento essenciais”, afirmou Biden, em comunicado.
O sindicato dos metalúrgicos norte-americanos tinha manifestado a sua firme oposição à fusão, uma operação avaliada em quase 15 mil milhões de dólares (14,4 mil milhões de euros), enquanto a Nippon Steel a considerava uma tábua de salvação para um setor industrial em dificuldades.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, com quem Blinken deverá reunir-se na terça-feira, pediu a Washington que explicasse os riscos para a “segurança nacional” que levaram Biden a rejeitar a operação, de forma a “dissipar as preocupações” dos industriais japoneses.