A IL perguntou esta terça-feira ao ministro da Educação se o país tem professores suficientes para substituir os que se estão a aposentar e se pretende manter o plano +Aulas +Sucesso, considerando que não está a ter o efeito esperado.

Numa pergunta dirigida a Fernando Alexandre através da Assembleia da República, o Grupo Parlamentar da Iniciativa Liberal (IL) refere que o 2.º período começou, esta segunda-feira, com “mais 400 aposentações, a juntar às aproximadamente 4.000 solicitadas durante o último ano”.

“Este é o sintoma inequívoco de que as 17 medidas do plano +Aulas +Sucesso não estão a ter o efeito esperado. Do retorno dos professores aposentados para o ativo, apenas 60 dos 200 necessários voltaram às aulas. O concurso extraordinário para 2.300 vagas ficou aquém do esperado”, refere a IL.

O partido acrescenta que “o Governo conseguiu um encaixe de aproximadamente 600 professores no 1.º período, que vai ser agora praticamente diluído com as aposentadorias solicitadas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“De acordo com os últimos dados, a saída dos professores irá afetar de forma mais acentuada as regiões do sul de Portugal, especialmente Lisboa, Setúbal, Alentejo e Algarve, além do Norte que, embora com mais facilidade, também já se começa a fazer sentir a dificuldade nas substituições”, afirma o partido.

A IL pergunta assim a Fernando Alexandre quais são as reservas de professores que existem atualmente e se são suficientes “para substituir os professores que se estão a aposentar”.

“O Ministério da Educação já tem dados sobre as aposentadorias desses professores? Em que zonas é que vão ocorrer? Vão recair sobre áreas geográficas identificadas como carenciadas?”, questionam ainda.

Nesta pergunta dirigida a Fernando Alexandre, a Iniciativa Liberal faz também várias questões ao ministro sobre os dados que tem divulgado, considerando que “a confusão com números, e até a falta de transparência, tem sido uma imagem de marca deste Governo e o Ministério da Educação não é exceção”.

“Desde o arranque do ano letivo, ao cumprimento das metas do plano +Aulas +Sucesso, não há dados que sejam divulgados que não venham mais tarde a ser desmentidos”, critica o partido, que dá como exemplo o facto de terem sido divulgados números errados seja no que se refere à lista da colocação de professores, seja ao número de alunos sem aulas no primeiro período.

Rui Rocha afirma que planos do Governo para saúde, educação e habitação estão a falhar

A IL critica em particular o facto de o ministro da Educação ter anunciado que tinha atingido o objetivo de reduzir em 90% o número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina, para, “menos de uma semana depois, dar o dito por não dito e admitir que os números apresentados não eram fiáveis”.

“Esta situação coloca em evidência algo que a IL tem denunciado reiteradamente: o problema estrutural da falta de transparência e de rigor nos dados apresentados pelo Governo. (…) Um país que almeja progresso, não pode aceitar que a educação seja tratada com tamanha leveza e superficialidade”, defendem.

Para a IL, “se o anterior Governo não conseguiu manter os alunos portugueses na trajetória de sucesso evidenciada até 2015”, o atual “pouco ou nada está a conseguir fazer para inverter o sentido decrescente da qualidade do ensino em Portugal”.

“O que começamos a depreender é que temos sido alvo das mais variadas manobras de distração numa tentativa de desviar a atenção do problema perfeitamente descontrolado em que se encontra a educação”, critica.

O partido pergunta assim ao ministro da Educação como é que se “pode comprometer com metas, se nem aos números reais do ensino em Portugal consegue aceder”, e, considerando que “é claro o desconforto e a desconfiança [de Fernando Alexandre] neste processo”, se “está numa rota de colisão com o seu próprio ministério”.

“O plano +Aulas +Sucesso ainda faz algum sentido? Converteu-se num plano +Aulas -Sucesso?”, questionam.