O parlamento britânico debateu, esta segunda-feira, uma petição de cidadãos que pedem a repetição das eleições no Reino Unido, realizadas em 4 de julho, onde o Partido Trabalhista obteve a maioria absoluta após 14 anos de executivos conservadores.
Numa sessão realizada, na tarde desta segunda-feira, em Westminster, o presidente da Comissão de Seleção de Petições, deputado do Partido Liberal Democrata, Jamie Stone, valorizou a “participação dos cidadãos na política”, depois de a petição para a repetição das eleições ter ultrapassado os 3 milhões de assinaturas.
Stone agradeceu ainda a iniciativa de Michael Westwood, um hoteleiro britânico e eleitor conservador confesso que criou a petição “pela sua frustração pessoal com a falta de transparência e responsabilidade no processo eleitoral”.
“Gostaria que houvesse outras eleições gerais. Acredito que o atual governo trabalhista não cumpriu as promessas que fez no período que antecedeu as últimas eleições”, frisou Westwood, no breve texto que encabeça a sua petição, lançada em 20 de novembro.
Reino Unido vai endurecer legislação sobre casos de abuso sexual de crianças
Entre os círculos eleitorais que mais assinaturas acumularam para esta petição está Clacton, representado por Nigel Farage, deputado e líder do partido de extrema-direita Reform UK, que durante a sessão garantiu que, em mais de 50 anos, não se recorda de um governo “que viu a confiança cair tão rapidamente como este”.
Para Farage, a resposta em massa dos cidadãos à iniciativa expressa um descontentamento geral com o sistema eleitoral do Reino Unido, que criticou, sendo que as últimas eleições gerais britânicas tiveram a segunda menor participação na história e permitiram ao Partido Trabalhista obter um terço dos votos e dois terços dos deputados.
O deputado do Partido Conservador, Edward Lee, destacou que há um sentimento de “alienação” entre os cidadãos britânicos.
“A não ser que os principais partidos ouçam a sociedade e respondam às suas preocupações, veremos o crescimento de mais populismo neste país”, frisou o político conservador.
Já a deputada trabalhista Yasmin Qureshi garantiu que este pedido é alimentado por “desinformação” e “ingerência política” e defendeu a gestão do seu partido à frente do governo depois de ter encontrado um buraco nos cofres públicos britânicos de 22.000 milhões de libras (26.515 milhões de euros) “do qual ninguém sabia nada”.