A secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, disse esta terça-feira que os Açores estão a viver “um novo paradigma” na prevenção e combate ao suicídio, apesar de o arquipélago figurar entre as regiões do país com mais casos.

“Há todo um caminho que, naturalmente, terá de ser feito, que tem de ser melhorado, mas seria de bom tom recordar que há aqui uma mudança clara de paradigma, que terá de ser mantida e, nalguns casos, melhorada pelo XXIV Governo Regional”, realçou a governante, durante uma audição na Comissão de Assuntos Sociais do parlamento açoriano, reunida em Ponta Delgada.

Mónica Seidi lembrou que o executivo regional de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) contratou, nos últimos dois anos, 20 novos psicólogos para o Serviço Regional de Saúde (SRS), que reforçaram as equipas de prevenção que existem em várias ilhas, para melhor acompanharem os doentes açorianos, mas admitiu que é necessário contratar mais profissionais de saúde.

Há uma necessidade de continuar a captar recursos para a região, nomeadamente, médicos. Do ponto de vista dos psicólogos, temos vindo a fazer esse esforço e os números falam por si: mais 20 psicólogos nas unidades de saúde, comparativamente a 2022. Mas, naturalmente, se os rácios ainda não são suficientes, é algo que terá de ser melhorado“, insistiu a governante.

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A audição da titular da pasta da Saúde na região ocorreu na sequência de uma proposta apresentada pelo deputado do PAN, Pedro Neves, para a criação de uma Estratégia Regional de Prevenção e Combate ao Suicídio no arquipélago, por entender que o modelo atual “não atende” às necessidades da população.

O partido das Pessoas, Animais e Natureza propõe uma intervenção “mais abrangente e musculada” e medidas de combate e prevenção “mais eficazes”, nomeadamente, o reforço dos profissionais de saúde mental nas ilhas.

“Urge combater os números avassaladores da taxa de suicídio da região. Temos de criar uma estratégia eficaz para a prevenção ao suicídio. É fulcral uma sociedade compassiva com as problemáticas de saúde mental e respetivas consequências, para travar este fenómeno”, justificou o porta-voz do PAN/Açores aquando da apresentação da iniciativa.

Um estudo divulgado em 2023, elaborado pelo psiquiatra João Mendes Coelho, sobre a caracterização da população suicida, na janela temporal entre 2001 e 2021, revela um aumento do número de casos de suicídio nos Açores, em contraciclo com a redução registada a nível nacional.

“Portugal mantém ou até reduz ligeiramente as taxas de suicídio por 100 mil habitantes/ano, mas aqui em São Miguel, em particular, estamos bastante acima. Para o conjunto do país, temos 8,9 mortes por suicídio por 100 mil habitantes; aqui na região temos 14,7 e, especificamente para São Miguel, estamos com 16,4, ou seja, quase o dobro da taxa do país”, revelou, na altura, o psiquiatra.