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Mais três membros do Podemos assassinados, descoberta vala comum com oito corpos

Número de políticos assassinados em Moçambique continua a crescer. Descoberta vala comum com 8 corpos. "Qualquer indivíduo da oposição que tenha liderado manifestações tem de fugir", diz João Feijó.

Funeral de Elvino Dias, assessor jurídico do candidato presidencial Venâncio Mondlane, em Maputo, Moçambique, 23 de outubro de 2024. A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi “emboscada”. LUÍSA NHANTUMBO/LUSA
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Elvino Dias (de cujo funeral é esta imagem) e Paulo Guambe foram os primeiros a serem assassinados pós-eleições de 9 de outubro

Luísa Nhantumbo/LUSA

Elvino Dias (de cujo funeral é esta imagem) e Paulo Guambe foram os primeiros a serem assassinados pós-eleições de 9 de outubro

Luísa Nhantumbo/LUSA

Em três dias, três membros do maior partido da oposição moçambicana foram assassinados, ao mesmo tempo que se torna conhecida a descoberta de uma vala comum com oito corpos, aumentando assim o número de políticos do Podemos (Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique) mortos desde as eleições de 9 de outubro.

Na sexta-feira, Abdul Bacar, o chefe de mobilização do Podemos em Montepuez, Cabo Delgado, foi baleado por volta das 19h00 quando conversava com a namorada à frente da casa desta, por dois homens. Abdul morreu no local, mas a mulher, que também foi atingida e levada para o hospital, sobreviveu. Esta morte veio preocupar ainda mais o delegado provincial do Podemos, Singano Assane que, em declarações à TV Miramar disse que os últimos dias têm sido marcados por terror entre os apoiantes do partido e de Venâncio Mondlane, o candidato presidencial até aqui apoiado pelo Podemos e que tem liderado a contestação aos resultados eleitorais.

Abdul Bacar foi o quinto membro sénior do Podemos a ser baleado desde as eleições de 9 de outubro, assinala, no X,  Zenaida Machado da Human Rights Watch (HRW) em Moçambique. A investigadora da reputada organização não governamental recorda as mortes de Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane e de Paulo Guambe, mandatário do Podemos, ainda a 19 de outubro para referir que “os assassinatos políticos são um problema grave em Moçambique” e que “a HRW documentou vários outros casos no passado”. Zenaida Machado sublinha ainda que “os autores de todos os outros assassinatos continuam a gozar de impunidade”.

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Mas a contagem dos baleados e mortos não parou em Abdul Bacar. No domingo, mais um membro do PODEMOS foi morto a tiro no Luabo, na província da Zambézia. Paulo Jaime Paulo, de 23 anos, era um membro ativo do Podemos e filho do delegado distrital do partido. Duclésio Chico, porta-voz do partido, diz ao Observador que o jovem era acusado de ter albergado os Naparama (guerreiros tradicionais, que tiveram um papel importante na guerra civil moçambicana, do lado da Renamo, que mediante uma prática de feitiçaria acreditam que as balas não os matam). Este grupo tem estado envolvido em confrontos com as forças policiais de Moçambique no norte do país.

E na noite desta segunda-feira um novo assassinato veio aumentar o número de mortes alegadamente causadas por razões políticas. Rachide Eduardo, delegado do Podemos na aldeia de Intutumpue, Anguabe, em Cabo Delgado, foi mortalmente baleado. E aí, a população não ficou quieta, conta ao Observador o investigador João Feijó. “O povo revoltou-se e foi queimar a casa de delegados da Frelimo [Frente da Libertação de Moçambique, o partido no poder há 49 anos, desde a independência de Portugal] e bloquearam o acesso à cidade de Pemba”. O coordenador do Observatório do Meio Rural adianta ainda que quem foi resolver o caos instalado foram militares ruandeses, tal como já tinha sucedido em Montepuez.

Antes, a 22 e 26 de dezembro, na Zambézia, outros dois membros seniores do Podemos já tinham sido assassinados e um outro tinha sido baleado dentro da sua própria casa, conseguindo sobreviver.

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“Neste momento, qualquer indivíduo da oposição, que tenha liderado estas manifestações tem que fugir”, alerta João Feijó. Para além de que também “há ordens para matar manifestantes”, acrescenta o investigador.

Também a Plataforma Eleitoral Decide alertou para o que chama de “novo fenómeno no contexto pós-eleitoral: as perseguições e execuções presumivelmente por motivações políticas”. Para além de citar o caso de Ancuabe, em Cabo Delgado, refere ainda uma vala comum com oito corpos de membros do Podemos.

Ao Observador, Wilker Dias, da Plataforma Eleitoral Decide, explica que segundo informações que chegaram à ONG, “supostamente a polícia recolheu-os nas suas casas dizendo que iriam prestar apenas declarações no posto policial mas não mais voltaram”, na última semana de dezembro. Na semana passada, a vala terá sido descoberta por acaso quando alguém estava no cemitério para um enterro de um familiar e os corpos foram exumados. Este caso foi referido também por Venâncio Mondlane numa das suas últimas lives (como chama às mensagens em direto que faz nas redes sociais) que precisa que eram “oito jovens”,  que “foram baleados” depois de “sequestrados nas suas casas”, em Massanga. O candidato presidencial falava mesmo “num genocídio silencioso” no pós-eleições.

O partido Podemos já apresentou uma queixa-crime das mortes dos elementos do partido, diz ao Observador Duclésio Chico, “repudiando veementemente” estes assassinatos alguns cometidos por “indivíduos desconhecidos e o outras por alegadamente elementos das forças de segurança e defesa de Moçambique”, ao mesmo tempo que apelam “ao comandante geral da polícia que ponha fim a estas situações”, que “mancham a política nacional”.

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