O novo governo da Nova Caledónia, um arquipélago francês mergulhado numa profunda crise política, nomeou esta quarta-feira o seu presidente, Alcide Ponga, marcando o regresso ao poder dos não independentistas, após mais de três anos de liderança pró-independência.
Depois de uma primeira tentativa falhada na terça-feira, os 11 membros do governo voltaram a reunir-se esta quarta-feira, dando a maioria — seis votos — a Ponga.
O seu rival Samuel Hnepeune obteve três dos cinco votos pró-independência, tendo a União Nacional para a Independência, que tem dois lugares, optado pela abstenção.
Alcide Ponga, 49 anos, vem de uma família Kanak não independentista.
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Presidente da câmara da pequena comuna mineira de Kouaoua, desde 2014, é presidente do movimento de direita A União-Os Republicanos desde abril passando, sendo o primeiro Kanak, o povo indígena, a ocupar este cargo.
Licenciado em ciências políticas, Ponga fez a sua carreira na indústria mineira, atualmente em grandes dificuldades, mas que continua a ser a principal fonte de emprego privado no arquipélago.
Sucede ao pró-independência Louis Mapou, cujo governo foi derrubado a 24 de dezembro com a saída do partido de centro-direita Caledónia Unida.
Este partido criticou Louis Mapou por ter aceitado que a ajuda estatal à reconstrução do território fosse paga sob a forma de empréstimos, na condição de serem efetuadas reformas.
A economia da Nova Caledónia foi abalada pela insurreição que começou a 13 de maio, depois de a Assembleia Nacional — a câmara baixa do parlamento — ter adotado em Paris uma reforma muito controversa do corpo eleitoral da Nova Caledónia.
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Os representantes eleitos da Caledónia Junta temiam que estes empréstimos endividassem o arquipélago durante décadas.
Situada no Pacífico e a 17.000 quilómetros de Paris, a Nova Caledónia foi marcada, em 2024, por seis meses de tensões.
Os Kanak temiam que esta reforma minimizasse o seu peso político, ao permitir que pessoas com mais de dez anos de presença no arquipélago participassem nas eleições provinciais, que são cruciais porque delas depende a composição do Congresso e, por conseguinte, do governo.
Os distúrbios causaram 14 mortos e mais de dois mil milhões de euros de prejuízos. As eleições, inicialmente previstas para 2024, deverão ter lugar no final de 2025.