Há uma “campanha racista”, uma “campanha de ódio” e uma “campanha mentirosa” em Portugal, que se “aproveita” dos imigrantes para fazer “propaganda política”, afirmou Mariana Mortágua nesta quinta-feira, numa visita à rua do Benformoso, a rua do Martim Moniz (Lisboa) onde houve uma polémica operação policial há poucas semanas. Essa foi uma operação policial em que, na leitura da líder do Bloco de Esquerda, pessoas que “trabalham e descontam” foram encostadas à parede e revistas “sem motivo ou suspeita alguma”.
Durante uma visita de Mariana Mortágua àquela zona da capital portuguesa – onde vive um grande número de imigrantes de origem indostânica e de outras proveniências –, a líder do Bloco de Esquerda (BE) disse que quis “colocar em imagem aquilo que todos os dados estatísticos dizem”, que é que “não há uma associação entre criminalidade e imigração” e que “a população imigrante em Portugal trabalha e desconta”.
A maior parte dos imigrantes com quem falei dizem-nos que trabalham, que descontam, mas apesar disso muitos não conseguem ter acesso à documentação. Ou seja, a incapacidade burocrática do Estado português é um entrave à sua integração, apesar de já contribuírem para o Estado e para a Segurança Social”, afirmou Mariana Mortágua.
A líder bloquista diz que os imigrantes que ali vivem sentem “medo” e, além disso, “há um sentimento de vergonha, de pessoas que imigraram para ter uma vida melhor, pagam os seus impostos e, de repente, há um dia em que são encostadas à parede e revistadas sem qualquer motivo ou suspeita”.
O debate político que se gerou a partir dessa operação policial mostra, na análise de Mortágua, que “há uma utilização desta rua para uma campanha de ódio, uma campanha racista e uma campanha mentirosa”.
Aliás, a líder bloquista diz ter falado com “comerciantes que relatam que quando há um problema de segurança, como um vidro partido num carro, ligam à polícia e a polícia, quando percebe que se trata de um imigrante, não o vem assistir”.
Sobre estes temas, está agendada uma manifestação para este sábado, em Lisboa. Mariana Mortágua aproveitou os microfones dos jornalistas para divulgar que a manifestação começa na Alameda, às 15h00, e é uma iniciativa que “junta movimentos políticos, sociais e comunidades de imigrantes”. A líder bloquista pediu que esta manifestação “seja um momento de união” em torno da integração das comunidades imigrantes.