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Um estudo publicado pela revista científica The Lanclet indica que, entre o dia 7 de outubro de 2023 e 30 de junho de 2024, morreram 64.260 pessoas em Gaza, um aumento de 41% comparativamente aos valores apontados pelas autoridades do Hamas durante o mesmo período — 37.877. Os investigadores dizem ainda que, se os números deste período se tiverem mantido de julho a outubro, os valores oficiais poderão ser quase 70% superiores (mais de 70 mil).
Os investigadores indicam ter utilizado os registos dos hospitais e morgues do Ministério da Saúde palestiniano, um inquérito online feito pela mesma tutela e ainda obituários publicados online em várias plataformas para chegarem aos valores que avançam. O método, explica a epidemiologista e uma das investigadoras Zeina Jamaluddine, foi baseado num sistema muito utilizado no meio de preservação animal. “Capturam, marcam e libertam animais ou insetos numa determinada área, voltam a capturá-los e, com base nas sobreposições, estimam o tamanho das populações”, esclarece, citada pelo jornal El País. A cientista afirma também que esta “técnica de captura e recaptura” foi utilizada também noutros conflitos pelo mundo, dando o exemplo das crises no Kosovo, no Sudão e na Colombia.
Jamaluddine refere também que, no entanto, tiveram de se guiar por algumas listas fornecidas pelo Ministério da Saúde em Gaza, admitindo que estas possam ter alguns erros. “Baseámo-nos nas pessoas que tinham um nome claramente identificado e limpámos os dados eliminando duplicações e corrigindo erros”, explica a cientista, acrescentando que, para garantir os dados corretamente, a única maneira era entrando em Gaza, o que “não era possível”.
“Há agências internacionais a trabalhar na Faixa de Gaza, como a ONU ou a Unicef, mas para elas a prioridade é obter alimentos e medicamentos. Não podem telefonar às pessoas e perguntar-lhes quantas pessoas morreram nas suas casas, quando o que elas querem é comida ou medicamentos”, nota. Com isto, o objetivo do estudo é apenas lançar a discussão sobre o número verdadeiro de vítimas mortais e alertar as autoridades mundiais para a “urgência” de se chegar a um acordo de cessar-fogo e um termo que liberte os reféns e prisioneiros detidos por ambas as partes do conflito.