O passaporte diplomático de Venâncio Mondlane, candidato presidencial e rosto da insurreição em Moçambique, foi-lhe retirado à chegada ao país. A informação foi avançada pelo seu assessor Dinis Tivane e está a ser interpretada como uma “prova inequívoca” de que as regras democráticas e o “jogo político limpo” não estão a ser respeitados.
No Facebook, Dinis Tivane publicou uma fotografia do documento do posto de travessia de Mavalane, que responde ao Serviço Nacional de Migração, em que se dá conta do “depósito de documento” — o passaporte diplomático de Venâncio Mondlane” — por este estar “cancelado”. Este registo data de 9 de janeiro, ou seja, desta quinta-feira, quando Mondlane regressou ao país.
No Facebook, Dinis Tivane explica que recebeu uma justificação para a retirada do passaporte diplomático: o “sistema” já não o reconhece, uma vez que Mondlane deixou de ser deputado, e por isso não tem direito a este documento.
Ainda assim, para o assessor os “resultados fraudulentos” das eleições presidenciais em Moçambique colocam Mondlane como membro do Conselho de Estado, o que lhe deveria dar direito a um “tratamento consentâneo”. Tivane dá ainda o exemplo de antigos chefes de Estado de Moçambique, para questionar se os “tratariam assim no aeroporto”.
“Claramente, querem intimidá-lo. É como quem diz, “estamos a reter-te em Moçambique”, escreve Tivane, considerando que ações como esta só “enterram” a imagem de um “partido já moribundo”, a Frelimo. “Esse espetáculo baixo era evitável. O processo que vamos desencadear para recuperar o passaporte só vai trazer mais sujeira”, ameaça. “Vamos apertar de tal modo que até saberemos quem deu essa ordem ilegal destapando mais factos de um partido que pensa que é Estado. É preciso relembrar que Moçambique está a ser monitorizado pelo mundo”, remata.
Mondlane, conhecido como VM7 pelos seus apoiantes, chegou a Maputo esta quinta-feira, de coroa de flores ao pescoço e bíblia na mão. Aos jornalistas, explicou que voltou para dizer que está “presente, em carne e osso”, caso queiram “negociar e dialogar” consigo, e acusou o atual regime de criar uma “uma estratégia de genocídio silencioso” em que as pessoas mortas estão a ser “atiradas para valas comuns”. “Não posso estar ao fresco, bem protegido, quando o próprio povo que está no suporte da minha candidatura está a ser massacrado”.
Mondlane já chegou a Maputo: “Estou aqui em carne e osso para se quiserem dialogar comigo”