O PSD quer que o Banco de Portugal (BdP) explique como é que é possível que dois ex-administradores do BES suspensos pelo supervisor bancário possam agora trabalhar com Vítor Bento no Novo Banco.

Em requerimento entregue esta sexta-feira no Parlamento, o deputado Sérgio Azevedo questiona o governador do BdP, Carlos Costa, sobre “o fundamento que serve de base para o recuo da posição do Banco de Portugal ao voltar a permitir que Joaquim Goes e António Souto possam voltar a colaborar com a instituição de que haviam sido suspensos em julho passado”, bem como sobre “qual o grau de envolvimento e de decisão” dos dois ex-gestores no Novo Banco.

“Pode o Banco de Portugal garantir que os ex-administradores do BES responsáveis pelos pelouros de compliance e áreas de risco e recuperação de crédito estão isentos de responsabilidade na gestão do Banco Espírito Santo”, pergunta ainda.

O Expresso noticiou na quinta-feira que Joaquim Goes e António Souto estão a assessorar a equipa de Vítor Bento no Novo Banco. É nessa sequência que o deputado do PSD levanta as questões, lembrando ainda que os dois ex-administradores do BES foram suspensos pelo Banco de Portugal sob o argumento de “deveres reforçados de vigilância, tendo presente a responsabilidade atribuída às funções de controlo pelo Aviso do Banco de Portugal nº 5/2008, para permitir a prevenção e deteção tempestiva das situações em causa, o que não veio a ocorrer”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Joaquim Goes tinha no BES a responsabilidade executiva nas áreas de risco, recuperação de crédito e marketing, e António Souto, a responsabilidade executiva na área do compliance ou seja, “fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição, bem como evitar, detetar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer”, frisa Azevedo.

O deputado social-democrata considera ainda que o “caso BES é ainda incerto quanto à sua dimensão financeira e quanto às consequências que daí poderão advir quer para os seus depositantes, investidores e acionistas quer para o país”. Mais: diz mesmo que “é claramente um caso chocante da vida financeira e empresarial do nosso país”.