Não houve nevoeiro que impedisse uma surpresa de aparecer. Ficou à vista de todos como o União ganhou (1-0) ao Sporting na Madeira e fez com que, agora, o FC Porto tenha hipótese de fechar o ano na liderança do campeonato. As contas são fáceis e não é preciso calculadora: se os dragões vencerem a Académica levam uma recompensa de três pontos e ficam com mais um que os leões no topo da classificação.

Danilo Pereira não precisou de ser bom a matemática para melhorar as probabilidades dos portistas. O médio contou sete minutos de jogo para esperar que Miguel Layún fosse à esquerda bater um canto e cruzar a bola para a cabeça do português, que saltou perto do primeiro poste para disparar um míssil à queima-roupa do guarda-redes dos estudantes. O lateral mexicano passou a precisar das duas mãos para ter dedos e contar as assistências no campeonato (seis).

Até ao intervalo, os dragões a perderem conta às vezes que levaram a bola até perto da baliza da Académica. Brahimi e Jesús Corona fartaram-se de receber a bola, enquanto Rúben Neves e Danilo a faziam rodar entre ambos, pelo meio. Via-se que a equipa está agressiva e insiste em pressionar muito logo após perder a bola e por isso é que foi raro os estudantes passarem mais que cinco segundos com ela. A bola foi quase toda dos portistas e só aos 24′ é que ela entrou, pela primeira vez, na área do FC Porto.

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A segunda parte arrancou mais calma, porque os dragões já não tinham urgência nem pressa e os estudantes não tinham como chegar à baliza de Iker Casillas sem ser em contra-ataque. O ritmo abrandou, mas ouviram-se festejos aos 54′, quando um livre pediu a Layún que voltasse a cruzar a bola para a área e o pé direito do mexicano voltou a ser certeiro. Tanto quanto a cabeça de Vincent Aboubakar, que apareceu para desviar a bola cruzada pela sétima assistência do lateral. Três jornadas depois, o camaronês marcou e fez o sexto golo no campeonato.

A vida continuava negra para os estudantes, que nem com o abrandamento do FC Porto conseguiam inventar jogadas que levassem Iker Casillas a pensar na palavra perigo. E negra também ficou sendo para Aderlan e Ofori, os laterais dos estudantes que passaram a vida a levar com Brahimi e Corona. Foi o mexicano, aos 73′, que ficou com um dos rins do defesa esquerdo da Académica, quando dominou um passe longo com a ponta do pé direito e a tocou logo para o lado com o canhoto. Ofori ficou plantado e Corona ficou cheio de espaço para cruzar a bola rasteira e ver Hector Herrera, que estava de costas para a baliza, tocá-la com o calcanhar. O 3-0 nascia bonito e com sotaque mexicano.

Mas os estudantes ainda lograram crescer e marcaram um golo, que também foi bonito. Rui Pedro recebeu a bola na área e, rodeado por dragões, desencantou espaço para tocar em Rabiola e o avançado inventou engenho para a devolver ao médio de calcanhar. Depois, o português picou a bola a um metro de Iker Casillas para o espanhol sofrer o sétimo golo neste campeonato. O golo apareceu aos 85′ porque dois graúdos que em miúdos pertenceram ao FC Porto (ambos entre 2007 e 2011, na equipa principal) se uniram para inventar um das raras jogadas em que os estudantes incomodaram os dragões.