A partir de segunda-feira começa a caminhada do Nós, Cidadãos para se tornar num partido político. A ambição é concorrer já nas próximas legislativas e quer ser um partido de cidadãos, sem recorrer a “Marinhos e Pintos”, mas com apoios de peso como o juiz Rui Rangel e o cantor José Cid. O site do movimento vai para o ar já daqui a duas semanas e o primeiro congresso está agendado para dezembro.

Rui Rangel poderá ser um dos candidatos a deputados nas legislativas de 2015, as primeiras eleições a que concorrerá o Nós. “Ainda é cedo para falar nisso. Só lá para dezembro é que vamos anunciar”, afirmou ao Observador o dinamizador do Nós, Mendo Castro Henriques. “Não faço comentários”, respondeu, por sua vez, também ao Observador Rui Rangel, juiz, comentador na RTP, ex-candidato à presidência do Benfica, irmão do falecido jornalista Emídio Rangel.

A primeira parte das 7.500 assinaturas necessárias para constituir um partido em Portugal serão entregues já no dia 15 de setembro – “O dia tem um significado especial, porque foi há dois anos nesse mesmo dia que os portugueses saíram à rua unidos por um objetivo comum, acabar com a TSU” -, e os estatutos e restantes assinaturas serão entregues até dezembro. A garantia é de Mendo Castro Henriques, presidente do Instituto Democracia Portuguesa (IDP), associação cívica criada em 2007 e que dá voz por este novo partido. Afirma não haver necessidade para agir de forma precipitada num processo que é fundamental para afirmação política do Nós, Cidadãos e diz que entregarão entre 10 a 12 mil assinaturas para assegurar a legalização.

Sobre o posicionamento político, Castro Henriques, que também é professor auxiliar da Universidade Católica, situa o partido entre o PS e o PSD. “O PCP diria que somos de direita, o CDS diz que estamos à esquerda. O que acreditamos é que a social-democracia tem de ser renovada nos século XXI e por isso, estamos entre o PS e o PSD”, refere Castro Henriques. No processo de recolha de assinaturas, o presidente do IDP, diz que há “uma grande adesão por parte dos jovens” e que a implementação do partido é nacional, mencionando apoios vindos de Lisboa e Porto, mas também de Coimbra, norte do país e Algarve.

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O novo partido defende “revoluções” setoriais na organização do Estado, querendo recentrar o problema da dívida nas famílias e empresas, “em vez de resolver primeiro os problemas dos bancos”. Também na Segurança Social e na sua sustentabilidade, o Nós, Cidadãos, tem uma posição própria, defendendo que à semelhança do que já se faz no Brasil e na Dinamarca, a coleta junto das empresas tem de ser baseada no volume de negócios e não no número de trabalhadores. A justiça é outros dos pontos onde esta nova força política quer marcar a diferença.

“Queremos limpar a imagem do país, que está na rua da amargura”, argumenta Castro Henriques, sugerindo que o Nós, Cidadãos será por isso “um partido charneira” e não arredado do centro da discussão política. “As nossas propostas vão servir para pressionar os partidos políticos a agir”, conclui.

O ex-presidente da Câmara de Cascais que se desfiliou do PSD, António Capucho revelou, num almoço na Associação 25 de abril, que chegou a ser convidado para ser cabeça de lista de um novo partido às eleições europeias. Castro Henriques explicou ao Observador que houve um convite ao ex-autarca e que espera ter o seu apoio no novo partido.