“Pretty Hurts”, de Beyoncé. “Double Rainbow”, de Katy Perry. “My heart is open”, de Maroon 5 e Gwen Stefani. “Diamons” de Rihanna e “Expertise” de Jennifer Lopez. O que têm em comum estas canções? Foram todas escritas ou co-escritas pela cantora, compositora e produtora de videoclips australiana Sia Furler.
Como é que o faz? A própria explica o processo, em entrevista à Rolling Stone.
A [composição da] melodia é o que vem primeiro, e [para o compor] é preciso sentir que ela [a pessoa para quem escreve o tema] o pode cantar. Depois tenho de escolher um conteúdo para as letras que faça sentido, para essa artista em particular. É mais ou menos assim que o faço.”, diz.
Sia, que lançou no final do passado mês de janeiro o seu sétimo álbum a solo, tem um passado conturbado: foi-lhe diagnosticada bipolaridade, teve problemas de alcoolismo, de abuso de drogas e chegou mesmo a tentar o suicídio em 2010, tendo sido travada por uma amiga. Problemas que se devem à sua própria personalidade mas também à sua vida de artista, conforme a própria confessou em 2014 ao The New York Times:
Quando estás num sítio diferente todos os dias, há este tipo de loucura que se instala. É fácil perderes-te em ficar pedrada, porque toda a gente está a beber na estrada [em digressões]. Nenhum dos meus amigos pensou que eu podia ser alcoólica, nem eu mesma pensei” que o fosse, recorda.
As excentricidades, contudo, não se limitaram ao estilo de vida. Como relata o jornal The New York Times, Sia chegou a recusar promover o seu trabalho (através de entrevistas e aparições em rádios e televisões do país), não acedeu ao pedido do jornal norte-americano para tirar uma fotografia para incluir no artigo citado, pousou na capa da Billboard com um saco de plástico na cabeça e chegou mesmo a surgir em concertos vestida de preto e com uma máscara na cara. Tudo para não mostrar o rosto.
Throwback to Sia's epic Billboard cover pic.twitter.com/7zITnK1Wa5
— SIA Furler Source (@SiaFurlerSource) September 2, 2015
Apesar do seu sucesso, Sia Furler tem sentimentos contraditórios sobre a música pop, inclusivamente sobre a que compõe: como contou à revista Rolling Stone em dezembro de 2015, Sia considera que os temas que compõe são, na sua maioria, “terrivelmente, terrivelmente foleiros“. “Nunca tive a intenção nem quis que aquelas canções [que compôs ou ajudou a compor para outros] vissem a luz do dia, porque senti que diluíam a minha credibilidade, por as achar muito foleiras. Queria que outras pessoas as cantassem, e queria receber os cheques dos direitos de autoria no final do dia”. Um sentimento que afirmou querer combater:
Pensei: porque é que não descontrais, sua idiota? O que consideras foleiro está realmente a ter um impacto em crianças por todo o mundo. Porque é que não paras de ser tão crítica?”, conta, num diálogo que diz ter tido consigo própria
O seu trabalho, contudo, permitiu-lhe afastar-se dos seus outros vícios. “Focus. Workaholism [vício do trabalho]. Essa é a minha nova jam“, disse em 2014. Abaixo, fica uma playlist com alguns dos temas que Sia compôs ou ajudou a compor para grandes estrelas pop. E ainda abaixo fica uma das músicas que compôs para si mesma e de que diz mais gostar (por isso mesmo, conta, “não o quis dar a mais a ninguém): “One Million Bullets”.