No Brasil, qualquer cidadão pode consultar gratuitamente dados sobre as escolas brasileiras e acompanhar a evolução do ensino no país. Como? Através do QEdu, uma plataforma online produzida em 2012 pela Fundação Lemann, que visa contribuir para a qualidade da aprendizagem dos alunos brasileiros, e pela Meritt Informação Educacional, que organiza, disponibiliza e permite a manipulação dos dados de cada aluno, turma ou escola.

O QEdu é um dos projetos que vai ser apresentado no primeiro dia do evento Cidadania 2.0, que decorre esta sexta-feira e sábado, no Teatro Rivoli, no Porto. A iniciativa nasceu em 2010 pelas mãos de Ana Neves e Ana Silva. Vítor Silva, também da organização, aderiu em 2011. O evento, sem fins lucrativos, pretende inspirar, informar e impulsionar projetos que, através das redes e ferramentas sociais, dados abertos e aplicações móveis, promovam o diálogo em sociedade e a participação ativa dos cidadãos.

“Queremos mostrar às pessoas, não com teorias, mas com projetos concretos, que as redes e ferramentas sociais podem melhorar o diálogo e a participação dos cidadãos”, explicou Ana Neves ao Observador.

Um dos objetivos para a edição deste ano era aumentar o número de organizações não-governamentais (ONG) e instituições públicas inscritas no evento e, apesar de o número das primeiras ter mais que duplicado face ao ano passado, a quantidade de instituições do Estado presentes diminuiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

 “Um dos grandes entraves é o desconhecimento por parte da Administração Pública [do que são estes projetos], que pensam que a cidadania 2.0 é apenas colocar dados cá fora. Têm uma visão muito limitada do que é possível fazer e não exploram as possibilidades”, adianta Ana Neves.

Os promotores do QEdu foram convidados pela organização do evento para mostrarem o projeto brasileiro aos portugueses. Através dos filtros disponíveis na plataforma, qualquer cidadão pode comparar rendimentos entre instituições de ensino, municípios e estados vizinhos. “A principal meta educacional de um país deve ser garantir ensino de qualidade a todos os alunos. No QEdu, você fica a saber quantos alunos aprenderam aquilo que é adequado para cada etapa e consegue, assim, compreender melhor a educação no Brasil”, lê-se na página oficial.

Dez ideias para mostrar como se faz

O QEdu não é o único projeto a ser apresentado no primeiro dia do Cidadania 2.0. Além da plataforma online brasileira vão ser apresentadas mais nove ideias, que versam sobre áreas tão distintas como tecnologia, saúde ou educação. O que têm em comum? Todos utilizam redes sociais e dados abertos para passarem as suas mensagens.

Da Comissão Europeia, chega o projeto belga Futurium, uma plataforma online lançada pela Direção-Geral de Redes de Comunicação, Conteúdo e Tecnologia do organismo europeu. Objetivo: facilitar uma reflexão ampla sobre as futuras políticas europeias, combinando o caráter informal das redes sociais com a abordagem metodológica das previsões para envolver as partes interessadas na criação de futuros e ideias políticas.

Quem quiser contribuir para esta reflexão, pode fazê-lo enquanto criativo ou pensador visionário, escrevendo um artigo, ensaio ou enviando uma sugestão. Também pode ser verificar conteúdos, porque cada “futuro” deve cumprir com padrões mínimos de qualidade no que diz respeito às mensagens e ao estilo linguístico. Partilhar as contribuições dos pensadores ou promover conversas são outras formas de difundir a mensagem.

“Futurium pretende ter disponível conteúdo visionário e intrigante, que pode ajudar a informar [os cidadãos] sobre as reflexões políticas. Não importa o quão longe no tempo é, [o conteúdo] tem de ser inspirador”, lê-se na página da iniciativa.

De Espanha, chega o FlipOver, plataforma online que ajuda a identificar desafios sociais, desenhando soluções e intervindo. eSolidar, Adoeci, Sense My City, Popstar, Invasoras.pt, PSP no Facebook  e Portal da Transparência Municipal são os sete projetos portugueses que serão apresentados nesta sexta-feira. O eSolidar é um ecossistema de solidariedade online para aumentar a sustentabilidade e visibilidade das organizações sem fins lucrativos, através da compra, venda e licitação de produtos.

O Adoeci é uma plataforma para a partilha de experiências entre pacientes que tenham sido diagnosticados com uma patologia e respetivos familiares. Objetivo: criar registos como contactos médicos, estados de humor, entre outros. O Sense My City é uma aplicação desenvolvida para smartphones, que regista o dia-a-dia dos utilizadores para avaliar situações como consumos de combustível ou níveis de stress.

No Popstars, há recolha, medição e agregação de opiniões políticas e económicas manifestadas no Twitter, blogosfera e notícias, para confrontar estes dados com indicadores mais convencionais de opinião pública. O projeto invasoras.pt alerta para o problema das invasões biológicas e dá a conhecer plantas invasoras a nível nacional.

Todos os cidadãos que quiserem saber quais são as receitas, despesas municipais ou a sustentabilidade financeira do seu município, podem aceder a essa informação no Portal de Transparência Municipal.