As autoridades panamianas realizaram, na sexta-feira, novas buscas numa morada ligada ao escritório de advogados Mossack Fonseca no âmbito da investigação aberta na sequência da divulgação dos “Papéis do Panamá”, avança a imprensa local.
Investigadores especializados em crime organizado “realizaram uma rusga num armazém pertencente ao escritório Mossack Fonseca”, escreve o jornal La Prensa.
O Ministério Público confirmou a rusga à agência AFP, mas não disponibilizou mais pormenores.
Após a operação, a Mossack Fonseca disse que estava “pronta para cooperar com a investigação” e que os conteúdos do armazém consistiam em “informação” que o Ministério Público já tinha obtido numa inspeção anterior.
Em comunicado a firma indicou que se tratava de papel cortado, à espera de ser reciclado.
Esta foi a segunda rusga na Mossack Fonseca. A 12 de abril, a mesma unidade de investigação entrou na sede do escritório, numa busca que durou 27 horas.
No passado dia 03, a procuradora-geral do Panamá, Kenia Porcell, anunciou a abertura de uma investigação devido ao escândalo global desencadeado com a divulgação de documentos da Mossack Fonseca e das suas operações na criação de empresas ‘offshore’ para que supostamente grandes fortunas pudessem escapar ao fisco dos seus países de origem.
Esta investigação procura determinar se foi cometido em território panamiano algum ato punível no âmbito dos “Papéis do Panamá”.
A maior investigação jornalística da história envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas ‘offshore’ em mais de 200 países e territórios.
A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em ‘offshores’ e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.