Maior redução de custos, investimento médio de 1.400 milhões de euros por ano, diversificação geográfica, continuada aposta na energia renovável, foco na fidelização de clientes e redes inteligentes, são ingredientes na receita que a EDP está a apresentar para os próximos cinco anos no dia do investidor que se realiza em Londres.
O plano de negócios a cinco anos prevê investimentos de sete mil milhões de euros até 2020, 1.400 mil milhões de euros por ano, as renováveis vão continuar a absorver, a principal fatia, cerca de 45%. Mas também aponta para uma meta de eficiência mais ambiciosa com uma redução adicional de custos. Estão previstas poupanças acumuladas de 700 milhões de euros até ao final da década que se irão concentrar nos negócios ibéricos, Portugal e Espanha.
O plano refere que as economias vão chegar até aos 200 milhões de euros por ano em 2020, começando em 80 milhões este ano, número que sobe para 130 milhões em 2018. Estas poupanças virão sobretudo das áreas operacionais, tecnologias de informação e recursos humanos. No entanto, o documento não especifica como serão obtidas essas reduções de custos.
Na anterior meta, a EDP queria cortar custos de 180 milhões euros até 2017, objetivo que terá sido já quase alcançado este ano. Para além da diminuição da fatura com a operação na geração e distribuição, são ainda referidas a otimização a nível dos serviços de clientes, obtida pela via da desmaterialização dos contactos comerciais, com o recurso à internet.
Cada vez mais renováveis
A produção renovável vai continuar a ser o grande foco dos investimentos e o motor do crescimento. O objetivo é chegar a 2020 com 76% da capacidade instalada em fontes renováveis, sobretudo eólicas e hídricas. Atualmente essa percentagem é de 71%.
A EDP Renováveis vai prosseguir a estratégia de expansão seletiva da sua capacidade eólica, em mercados como Estados Unidos, México, Canadá, Brasil e Europa central, e a política de rotação de ativos (venda de parques maduros e participações minoritárias) para financiar investimentos. O plano prevê crescimento de 16% de lucros até 2020.
O Brasil vai também crescer, as condições de mercado melhoraram apesar da crise económica e política, mas a desvalorização do real, deverá travar o contributo desta operação. A nível ibérico, é esperado um crescimento limitado, mas a empresa pretende otimizar mais eficiência e alcançar poupanças significativas.
Em Portugal, onde a EDP está a concluir o programa de construção das barragens, o destaque vai para o projeto de expansão das redes elétricas inteligentes, para o qual estão previstos 230 milhões de euros.
Depois de apresentar resultados no primeiro trimestre, descritos como “muito fortes” – o lucro subiu 11% para 263 milhões de euros até março – o presidente executivo da EDP enunciou a estratégia que, do seu ponto de vista, vai permitir à elétrica portuguesa continuar a apresentar uma história diferente no panorama do setor elétrico europeu que lhe possibilitou apresentar os resultados que prometeu ao mercado. E essa história passou por fazer escolhas, o que significa não atirar em todas as direções, mas também diversificar o negócio e os riscos.
“Sobrevivemos a uma crise existencial no nosso país e no próprio setor” e “evitámos entrar em negação e ouvir o canto da sereia”, sublinhou António Mexia. Perante uma plateia de analistas e investidores internacionais, o gestor procurou salientar o perfil distinto da EDP face a outras elétricas europeias que, segundo o gestor, fez a diferença.
António Mexia descreveu um quadro muito complicado para o setor elétrico: procura estagnada, preços em queda, mudanças na política e na regulação e uma desvalorização dos ativos na energia convencional que tornam o negócio menos atrativo para os investidores. E defendeu a necessidade de um novo desenho para o mercado europeu de eletricidade.
Apesar deste quadro desafiante, a EDP apresentou resultado trimestrais, que os responsáveis classificam de “fortes”, ainda que ajudados pela chuva que fez reduzir os custos de produção de energia, na Península Ibérica e no Brasil. O presidente da elétrica reconhece, por isso, que hoje está mais confiante do que estava há uns meses. O plano de negócios prevê um ligeiro aumento, de 3%, no nível de dividendos relativos aos lucros de 2016.
As ações da EDP estão a registar uma forte valorização esta manhã na bolsa, depois de conhecidos os resultado do primeiro trimestre e o novo plano. Seguem agora a subir mais de 3,5%.
O Observador viajou a convite da EDP.