A Síria preveniu que qualquer intervenção militar da Turquia no seu território será considerada uma agressão, segundo um comunicado divulgado em Damasco pelo ministério sírio dos Negócios Estrangeiros. Um dia após o Parlamento turco ter autorizado uma ação militar contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque, o ministério sírio referiu, citado pela televisão estatal, que a “anunciada política do governo turco representa uma verdadeira agressão contra um Estado-membro das Nações Unidas”.

O Parlamento turco aprovou na noite de quinta-feira por larga maioria um projeto de resolução do governo islamita-conservador de Ancara que autoriza as suas forças armadas a intervirem na Síria e no Iraque contra o EI, e a acolher no seu território tropas estrangeiras mobilizadas para uma eventual operação militar. Esta política significa “uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas dos Estados e a não-ingerência nos seus assuntos internos”, indicou o ministério em cartas dirigidas ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao Conselho de Segurança. “A comunidade internacional e em particular o Conselho de Segurança devem agir para pôr termo às aventuras dos dirigentes turcos que representam uma ameaça à segurança e à paz mundial”, prossegue o ministério.

A posição de Damasco surge ainda na sequência das declarações do primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu sobre o empenho do seu país em “fazer tudo o que puder” para impedir que os jihadistas do EI assumam o controlo da cidade fronteiriça síria de Kobane (Ain al-Arab).

A ofensiva desencadeada há duas semanas pelo EI na região de Kobane, de maioria curda, provocou o êxodo de pelo menos 186.000 refugiados em direção à Turquia. Antigo aliado de Damasco, o governo turco apoia desde 2011 a oposição e os rebeldes contra o Presidente Bachar al-Assad, com a consequente degradação das relações entre as capitais dos dois países vizinhos.

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