Um estudo da Universidade Brigham Young, no estado do Utah, indica que a cultura criada pelas princesas da Disney limita o desenvolvimento das crianças. A imagem das personagens contribui para problemas de autoestima nas raparigas e reforça uma ideia limitadora dos estereótipos de género. O estudo, intitulado “Pretty as a Princess” (Linda como uma princesa), avaliou a influência de produtos das princesas da Disney em quase 200 crianças, rapazes e raparigas, em idade pré-escolar, explica o The Guardian.
A investigação provou que as raparigas que se identificam com um estereótipo feminino, como o que é perpetuado pelas personagens em questão, sentem que há algumas atividades que lhes são vedadas ou para as quais não são tão propensas, como a matemática ou a ciência. É também menos provável que explorem o meio ambiente ou façam experiências, já que não gostam de se sujar. Este é um indicador preocupante, já que prova que desde muito cedo as crianças são levadas a acreditar que há experiências reservadas a cada género. Há também a perigosa noção de que cada rapariga precisa de um homem para a salvar.
As Princesas da Disney têm, para além disso, um grande impacto na autoestima e no conceito de ideal de beleza. O estudo provou que raparigas com maiores problemas de autoestima têm maior probabilidade de envolverem-se mais com as personagens. Imagens de mulheres altas, magras e com corpos tonificados fazem parte do dia-a-dia de todas as mulheres, mas a noção de que esse é o tipo de corpo ideal é incutido nas crianças em idades tão tenras como os três ou quatro anos.
A marca Princesas da Disney foi lançada em 2000 e rende milhões de euros anualmente, mas não está livre de polémica. Artigos como “What’s wrong with Cinderella” escrito por Peggy Orenstein e publicado no New York Times em 2006 ou o “The Problem with Princesses”, lançado pela Time, enfatizam o mau exemplo que as princesas representam para as crianças.
Outra das queixas feitas em relação à marca é a sua falta de representatividade de raça. Esmeralda, uma princesa de etnia cigana, foi excluída da linha da Disney em 2008, o que gerou várias críticas. A primeira princesa negra, Tiana, só surgiu em 2009. Mas mesmo assim, reina a supremacia branca no conjunto de princesas.