Os maus resultados do Partido Socialista espanhol (PSOE) nas regionais espanholas levaram o seu líder, Pedro Sánchez, a anunciar a intenção de agendar um congresso para o início de dezembro, conta o El País. Se o plano avançar, haveria primárias antes, a 23 de outubro, para a escolha do secretário-geral. No domingo, logo após os resultados das eleições, o PSOE comunicou no Twitter que reuniria a Comissão Executiva esta segunda-feira para analisar o desastre eleitoral. Sucedem-se as reações, havendo até pedidos de demissão.

Pedro Sánchez avançou a sua candidatura na tarde desta segunda-feira, depois da reunião da Comissão Executiva do partido, para “defender um PSOE de esquerdas, autónomo, dialogante e diferenciado do PP”.

Galiza e País Basco foram a votos e elegeram os parlamentos regionais, sendo que o maior derrotado das eleições foi o PSOE de Sánchez. Na Galiza, por exemplo, os socialistas foram ultrapassados pela coligação En Marea, que conta com o Podemos de Pablo Iglesias e a Esquerda Unida — o Partido Popular de Mariano Rajoy venceu com maioria absoluta. No País Basco os socialistas ficaram atrás do Podemos.

Resultados das eleições

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Galiza

PP: 47,43%
En Marea: 19,07%
PSOE: 17,88%

País Basco

Partido Nacionalista Basco: 37,65%
EH Bildu: 21,23%
Podemos: 14,83%
PSOE: 11,94%

 

O El País chama ao desaire socialista um “grande golpe/pancada sem paliativos” (“varapalo sin paliativos”), enquanto olha para Alberto Núñez Feijóo, o grande vencedor do dia, como o futuro do Partido Popular, com uma vitória na Galiza que poderá colocar em xeque a continuidade de Mariano Rajoy como principal figura do PP. A Galiza é a única região de Espanha governada por um partido com maioria absoluta.

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“Não estamos satisfeitos com estes resultados”, reconheceu César Luena, um dos homens fortes do Partido Socialista. “É um resultado negativo em ambas as comunidades autónomas”, afirmou, alertando que a campanha tinha sido difícil para o partido.

Depois da queda para terceira força política na Galiza e a perda de quase metade dos seus representantes no País Basco, um velho conhecido de Pedro Sánchez, rival na luta pelo trono socialista e deputado, exigiu uma mudança de rumo. Eduardo Madina rejeita, ainda assim, a ideia de haver novas eleições. As incertezas no futuro do país alastram-se agora ao maior partido da esquerda.

Há mais vozes a fazerem-se ouvir, como a de Antonio Pradas, o secretário da Política Federal do partido, que diz que terá de haver uma autocrítica séria. “Em função da análise que se faça manteremos uma posição, mas há uma coincidência nos resultados péssimos, tanto no País Basco, como na Galiza”, reforçou, aqui citado pelo ABC, um homem da confiança de Susana Díaz, a presidente da Andaluzia, um rosto que é tido como alguém com um futuro promissor no partido.

Díaz anunciou esta segunda-feira que convocará reuniões com a Comissão Executiva Regional e com o comité responsável pelos congressos do partido para analisar as propostas e o desafio de Pedro Sánchez, conta o El Español. Os encontros terão lugar 48 horas antes das decisões definitivas do Comité Federal para o futuro do PSOE.

A Comissão Executiva do PSOE que reuniu esta segunda-feira conta com 26 membros, sendo assim uma versão reduzida da direção do partido, como lhe chama o El País, que conta com 35 elementos. O diário espanhol diz que, pelo menos, 12 desses 26 membros da comissão são críticos de Pedro Sánchez. O 39º congresso do PSOE poderá acontecer nos dias 1 e 2 de dezembro.

A reação de Pedro Sánchez: “Está a abrir-se uma divisão que nos prejudica”

“É evidente que há dirigentes que não pensam o mesmo que eu, que creem que devemos abaster-nos e que não devemos nem sequer planear a possibilidade de governar com 85 deputados”, disse esta segunda-feira Pedro Sánchez, depois da reunião da Comissão Executiva, em declarações aqui citadas pelo El País.

“Assumo a minha responsabilidade, agendo este congresso e a eleição nas primários porque reconheço que existe um debate a ter depois das declarações públicas de dirigentes importantes. Está a abrir-se uma divisão que nos prejudica eleitoralmente e é por isso que o faço.”

E continuou: “É necessário que o PSOE volte a ser uma organização unida e que considere ter um projeto melhor, que dê um passo à frente e que o defenda. (…) Necessitamos de debater e votar; e que o PSOE tenha uma única voz e não [aconteça] o que tem ocorrido até agora. Eu creio que o PSOE deve diferenciar-se do PP e acredito que chegou a hora de agendarmos o debate com a militância através de um congresso.”

Artigo atualizado às 17h08