“Começamos mal quando o Governo põe no seu programa eleitoral algumas coisas que depois não cumpre. Porque os trabalhadores da função pública, desde 2009, que não têm aumentos salariais e desde 2005 que não têm mudança de escalão na carreira profissional”, recordou, em declarações à Lusa, Ana Avoila.

Em entrevista hoje ao jornal Público, o primeiro-ministro, António Costa, quando questionado sobre o facto de os funcionários públicos não irem ter valorização salarial em 2017, respondeu que ficou no mês de outubro concluída a “reposição integral dos salários”.

“Significa que em 2017 os funcionários públicos ganharão durante 14 meses o que ganharam só durante três meses deste ano. É sabido que o nível de inflação está baixo e que em 2018 temos previsto retomar as atualizações, bem como encarar as questões de fundo relativamente às carreiras”, explicou António Costa.

Ana Avoila considerou ser “muito mau” que o Governo siga este caminho, mas mostrou-se esperançada em que o executivo seja “sensível” à matéria e reveja a sua posição.

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“Isto, a confirmar-se, vai para o segundo ano que as pessoas não levam nada, e o que acontece é que começam a desmoralizar e a pensar que não valeu a pena. São mais de 600 mil trabalhadores sem aumentos e isto não é brincadeira. É uma classe que se sente muito maltratada”, sublinhou.

A coordenadora da Frente Comum antecipou que a função pública “vai, naturalmente, reagir mal” caso a intenção do Governo se venha a confirmar, adiantando que, na semana passada, entregou no Ministério das Finanças a proposta reivindicativa para a administração pública para 2017, que prevê aumentos salariais de 4% e o descongelamento da progressão nas carreiras.

Na quarta-feira, a Cimeira dos Sindicatos da Administração Pública aprovou a proposta reivindicativa, na qual constam as propostas de um aumento de 4% dos salários, com um mínimo de 50 euros por trabalhador, de 6,5% para o subsídio de almoço, que neste momento é 4,27 euros, e de 4% de aumento para as pensões.

A questão prioritária para a Frente Comum “é o aumento dos salários, o descongelamento das progressões remuneratórias, a abertura de concursos e as 35 horas”, salientou na sexta-feira Ana Avoila, lembrando que os trabalhadores da administração pública “não podem continuar sem aumentos de salários”.