O árbitro internacional Pedro Proença admitiu este sábado a utilização da tecnologia como meio auxiliar na arbitragem em campo. “A tecnologia já tem sido introduzida no futebol. É inevitável que seja introduzida e vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. Há 20 anos, viam o jogo os 40 mil adeptos que iam ao futebol. Hoje, é visto por milhões de pessoas através da televisão. Se milhões veem que foi grande penalidade, por que é que o árbitro não é capaz de ver?”, questionou Pedro Proença durante a abertura oficial do XIII Encontro Nacional do Árbitro Jovem, na Batalha.

O juiz garante que os árbitros “estão preparados para deixar as tecnologias entrarem no futebol”, até porque “o que interessa não é defender a imagem do árbitro, mas a verdade desportiva”. Discordando daqueles que são contra as novas tecnologias porque consideram que “sem o erro do árbitro não existe a pimenta do futebol”, Pedro Proença entende que “os grandes artistas são os jogadores e treinadores” e “não o árbitro”. “Mais cedo ou mais tarde vamos ter de aceitar que o futebol é escrutinado pelos meios tecnológicos. Não conseguimos vencer contra 15 ou 16 câmaras. Os meios tecnológicos são muito bem-vindos e os árbitros recebem-nos de abraços abertos, porque querem errar o menos possível”, acrescentou o internacional.

Durante o colóquio para os futuros árbitros, subordinado ao tema “Arbitragem vista de vários ângulos”, Pedro Proença sublinhou que só se é bom árbitro “se se for humilde e reconhecer os erros”. “Devemos chegar a casa, ver os jogos e ter capacidade de nos perguntarmos como foi possível expulsar aquele jogador ou não marcar a grande penalidade. Só podemos evoluir se formos críticos. E temos de ter capacidade de estender a mão a um jogador e dizer: peço desculpa porque errei”, confessou o árbitro.

O abraço do dragão

O líder da claque Super Dragões, Fernando Madureira, aplaudiu e abraçou Pedro Proença, que admitiu ter “contestado” no jogo Sp. Braga-FC Porto. “Como adeptos queremos é que a nossa equipa ganhe, independentemente de sermos beneficiados. Quando somos beneficiados assobiamos para o lado e quando somos prejudicados culpamos os árbitros”, admitiu.

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O responsável da claque do FC Porto sublinhou, no entanto, que “as pessoas têm de se respeitar”, porque o “árbitro é humano”, lembrando ainda que “os jogadores também falham golos e grandes penalidades” e o “treinador também erra nas substituições”.

O jogador do Benfica Ruben Amorim nunca foi expulso de um jogo. O segredo? “Tratar os árbitros com muito respeito. Se os tratar mal mais facilmente me dão amarelo ou vermelho”, constatou, admitindo que “há jogadores malcriados” e “ofensivos”.

Já o ex-guarda-redes do Sporting Nelson Pereira comparou os árbitros aos guarda-redes. “O árbitro erra e leva 40 mil a assobiar. O guarda-redes erra e leva 40 mil a assobiar, esquecendo tudo o que de bom fez em todo o jogo”.

O treinador do Penafiel, Rui Quinta, afirmou não comentar as arbitragens, porque “culpar o árbitro é o caminho mais fácil”. “Quando eu, treinador, passo a mensagem para fora de que o árbitro é o responsável para justificar os maus resultados, estou a dar um alibi muito forte aos meus jogadores para se desresponsabilizarem daquilo que não foram capazes de fazer. O treinador tem de preparar equipa para os erros dos árbitros. Eles cometem-nos como os jogadores e os treinadores”, reconheceu Rui Quinta.