Trabalhar com conceitos científicos complexos como gravidade, relatividade, mecânica quântica e buracos negros, exigiu a Christopher Nolan, realizador do filme Interstellar, a consultoria científica de Kip Thorne, um astrofísico teórico que se dedica ao estudo da física gravitacional. A equipa conseguiu uma representação científica tão correcta quanto possível, sem deixar de ser cinematograficamente atrativa. “A história emergiu das mentes férteis dos guionistas, mas sempre dentro dos limites da ciência estabelecida ou do que podemos extrapolar razoavelmente sobre os conceitos que vão um pouco além das fronteiras de nosso conhecimento”, diz o investigador em comunicado de imprensa.

A comunidade científica tem criado modelos para tentar explicar as deformações na geometria do espaço-tempo provocada pelos buracos negros com base na teoria geral da relatividade, de Einstein, ou a mecânica quântica, fundamentada por Stephen Hawking. Para conseguir recriar um buraco negro para o filme, Kip Thorne contou com o apoio da equipa de efeitos especiais e muitas modelações de computador com base nos cálculos que possuía. O resultado foi, segundo o Business Insider, a imagem mais rigorosa de um buraco negro em rotação alguma vez criada. Esta parceria, longe de ter chegado ao fim, permitirá para já a publicação de dois artigos científicos sobre os resultados obtidos com esta modelação.

A modelação dos buracos negros deu resultados surpreendentes (em inglês).

 

O futuro da humanidade noutro planeta

Quando se esgotarem os recursos na Terra não haverá outro planeta no sistema solar capaz de albergar a humanidade. A estrela mais próxima com um planeta potencialmente habitável fica a 4,3 anos-luz de distância (o equivalente a 40 biliões de quilómetros ou dezenas de milhares de anos para lá chegar). Inatingível no tempo de vida humano, a não ser que uma deformação no espaço-tempo, uma porta, levasse o homem para outra galáxia, tal como aconteceu ao piloto da NASA Joseph Cooper no filme.

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“Para mim, a experiência espacial representa o extremo absoluto do que é a experiência humana”, diz o realizador Christopher Nolan em comunicado de imprensa. “Sempre me interessei sobre qual seria o nosso próximo passo evolutivo. Se a Terra é um ninho, como nos comportaremos quando chegar a altura de a deixar?”

O desejo da descoberta sempre motivou a humanidade a ir mais longe.

Para deixar a Terra, o homem terá de encontrar água como um sinal da existência de vida noutros planetas, porque a água é essencial a todos os seres vivos. Mas de que serviria um planeta cheio de água se ela estiver toda congelada? E se nesse planeta só existir água, sem o mínimo vestígio de terra firme? Chegar até um desses planetas para verificar as condições existentes pode ser um gesto de altruísmo, mas até que ponto estamos dispostos a desaparecer como indivíduo para nos salvarmos como espécie?

“Sinto que a magnitude e grandeza do espaço é mais interessante como pano de fundo para explorar relacionamentos, que são tão forte e significativos para nós, e como isso se relaciona com o nosso lugar no universo”, diz o realizador que confessa que é a história do homem, neste caso do engenheiro da NASA e respetiva família, que conduzem o filme.

Um filme carregado de sentimentos e emoções humanas, potenciado por uma sala onde os sentidos são super-estimulados – a sala Imax dos Cinemas Nos no Colombo. Dos sons que entram dentro da cabeça e fazem vibrar as cadeiras ao silêncio absoluto do universo, onde o som não se propaga. Os efeitos envolvem de tal forma a audiência que é quase possível sentir o aumento da atração gravitacional a comprimir os corpos contra as cadeiras quando a nave acelera ou entra em rotação.