Os consumidores de gás natural poderão finalmente ter boas notícias em 2015, depois de quatro anos em que as tarifas sofreram um aumento acumulado de 17%, excluindo o efeito do agravamento do IVA.
De acordo com Francisco Rueda, da Endesa, se o atual nível de cotações do petróleo se mantiver até ao final do ano, a 80 dólares por barril, o preço do gás natural irá baixar em 2015. Os preços internacionais do gás seguem e evolução do petróleo, embora com um atraso de alguns meses. Mesmo o custo do gás vendido ao abrigo de contratos de longo prazo, como aqueles que Portugal tem com a Nigéria e Argélia, está indexado às cotações do petróleo.
No entanto, não é um dado adquirido que essa baixa do preço internacional do gás chegue ao consumidor português. Isto porque o mercado nacional está já em situação de défice tarifário e as comercializadoras do setor admitem que não têm margem para concorrer com preços mais baixos no mercado liberalizado. O tema esteve em debate no encontro anual da Associação Portuguesa das Empresas de Gás Natural (AGN) que se realizou quarta-feira no Centro Cultural de Belém.
O ministro do Ambiente e Energia, Jorge Moreira da Silva, anunciou há quatro meses uma descida do preço de gás natural no próximo ano que poderia chegar aos 5%, mas esta medida depende da redistribuição dos ganhos obtidos pela Galp Energia no mercado internacional, na venda de gás que não é consumido em Portugal.
Num painel que reuniu comercializadores, Galp, EDP, Fenosa Gas Natural e Endesa, e os distribuidores, EDP e Galp foi reconhecida que a queda de consumo do gás em Portugal é um dos fatores de pressão sobre o preço final. As centrais de ciclo combinado, que eram as grandes clientes, estão praticamente paradas, e o abrandamento da economia atinge o consumo industrial. Sobra uma fatura maior para os clientes mais pequenos que ainda estão no mercado e que têm de pagar o gás, mas também o investimento feito em infraestruturas.
Luís Moura da distribuição da Galp alertou que é preciso ter muita cautela com novos investimentos no setor que tem de estar focado no controlo de custos e rentabilidade. O responsável reconheceu que o mercado do também tem sido afetado pela eletrificação do consumo de energia, em particular no segmento doméstico. Muito por via de novas normas de segurança, que reforçam a exigência na instalação e manutenção de equipamentos de gás, há construtores que simplesmente preferem apenas o fornecimento de eletricidade.
Apesar deste quadro de queda de consumo, todos os responsáveis sublinharam o sucesso da liberalização do mercado do gás natural que em três anos conseguiu que mais de metade dos consumidores saísse da tarifa regulada para um contrato. Ainda assim, e para passar para o próximo nível, todos os clientes devem estar no mercado até final de 2015, Pedro Pires João da EDP, defendeu uma maior agilização do processo de passagem dos clientes entre fornecedores e nas interações entre distribuidores e comercializadores. Se na eletricidade há apenas um distribuidor (a EDP Distribuição) no gás há várias distribuidoras regionais.