Torres de refrigeração encerradas, banhos proibidos no interior das instalações. Na Adubos de Portugal Fertilizantes, em Alverca, onde a produção tem estado parada nos últimos dias, os trabalhadores estão preocupados com o surto de Legionella e aguardam ansiosamente por respostas.

“Estamos todos preocupados. O ambiente é praticamente o mesmo daquele que se vive nas povoações à volta. Somos tão vítimas quanto os outros cidadãos de Vila Franca de Xira”, relatou ao Observador Ricardo Oliveira, trabalhador da Adubos de Portugal, e delegado sindical, acrescentando que o que os trabalhadores querem saber agora é “qual a fonte do problema”.

Sim, porque para Ricardo Oliveira é precipitado dizer que o principal foco da Legionella está nas torres da ADP Fertilizantes. “Não sabemos se a bactéria encontrada estava viva ou morta, ou se é da mesma estirpe daquela que infetou as pessoas. Não se pode dizer que há culpados”, rematou, em reação às declarações desta terça-feira do ministro do Ambiente. Em Leiria, Jorge Moreira da Silva disse que “tendo em atenção as análises que foram feitas, tanto no sábado, como novamente no domingo, consideramos que um grau de probabilidade mais elevado está associado às torres de refrigeração e, no âmbito das torres de refrigeração, concretamente em relação a esta empresa [a Adubos de Portugal]”.

O mesmo trabalhador referiu ainda que a empresa é “certificada”, “auditada” e que “são feitas análises regulares”, achando difícil que o erro tenha partido da administração.

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Desde sábado que a produção nesta fábrica está parada uma vez que o retomar dos trabalhos está dependente das torres de refrigeração, que foram encerradas nesse dia, ainda mesmo antes das autoridades de saúde terem decretado o encerramento obrigatório, na sequência das análises positivas à Legionella, referiu a empresa esta quarta-feira em comunicado.

Ainda na terça-feira a Adubos de Portugal foi alvo de uma inspeção extraordinária para averiguação de eventual crime ambiental. Aguardam-se agora os resultados dessa inspeção.

Também a Solvay e a Central de Cerveja, ambas em Vila Franca de Xira, têm torres de arrefecimento encerradas por também terem acusado positivo à bactéria que está a causar o maior surto de sempre de Legionella em Portugal. De acordo com o último balanço da DGS há já mais de 300 infetados e o número de mortos confirmados pelo Ministério da Saúde já chega aos sete, embora a DGS fale em cinco confirmados e quatro em investigação.