O que é que os principais ditadores do século XX gostavam mais de comer? A questão foi posta por Victoria Clark e Melissa Scott e, depois de muita pesquisa, as duas escritoras compilaram as iguarias no livro “Dictators’ Dinners: A Bad Taste Guide to Entertaining Tyrants” (“Os jantares dos ditadores: um guia de mau gosto para entreter tiranos”, em tradução livre para português.

Salazar, o ditador português “piamente católico”, como as autoras definem num artigo para a BBC, tinha uma especial preferência por sardinhas, que “o recordavam da sua infância pobre”, durante a qual, conta-se, era obrigado a partilhar um único peixe com o irmão.

No que toca a extravagâncias gastronómicas, Salazar estava longe de conseguir igualar outros tiranos europeus. O romeno Nicolae Ceausescu, por exemplo, não ia a lado nenhum sem levar a sua própria comida, o que irritaria os líderes estrangeiros visitados. “Tito, líder do país vizinho da Jugoslávia, ficou chocado com a insistência [de Ceausescu] em beber sumo de vegetais crus através de uma palhinha, evitando toda a comida sólida”, escrevem Victoria e Melissa.

Ceausescu só teria essa atitude no estrangeiro, porque em Bucareste, lê-se, o ditador não passava sem um guisado de galinha, com a particularidade de ser feito com toda a galinha – toda mesmo: patas, cabeça, bico, asas incluídas. E Tito podia ficar chocado com as atitudes culinárias do vizinho romeno, mas o seu prato favorito também não será do agrado de todos: uma fatia de toucinho de porco quente.

Mas não só de revelações gastronómicas se faz o livro, também de revelações sobre a flora intestinal dos ditadores que governaram o mundo durante anos. Afinal, “a linha entre homem e monstro pode ser muito ténue”, mas, como lembram as autoras, todos os tiranos são também humanos. Assim, ficamos a saber que Hitler sofria de flatulência crónica, um problema que terá contribuído para que o líder nazi se tornasse vegetariano. O líbio Khadafi padecia do mesmo mal, mas consta que pouco se importaria com tal, relatando mesmo um jornalista da BBC que, durante uma entrevista, o tirano nada fez para esconder a flatulência. Mao Tsé-Tung também tinha problemas intestinais. “Como muito e evacuo muito”, escreveu a um camarada o ditador chinês, que tinha uma paixão por carne. E Mussolini chegou a ter uma prisão de ventre muito grave durante a Segunda Guerra Mundial.

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