O Conselho Nacional do CDS-PP reúne-se em Elvas no sábado para preparar o ano de 2015, que será marcado por eleições legislativas, mas a direção não tenciona abordar o tabu da manutenção da coligação com o PSD. Paulo Portas quer falar de futuro e pôr o partido a pensar no programa eleitoral para 2015, criando um “programa de futuro”, segundo apurou o Observador. No entanto, Filipe Anacoreta Correia, líder da tendência Alternativa e Responsabilidade, recusa que o Conselho Nacional esteja condicionado pela agenda e vai defender um referendo ou um congresso extraordinário para os militantes poderem escolher se o partido vai às urnas coligado ou não.

O CDS pretende estabelecer neste congresso um “contrato de confiança” com o partido e com os eleitores, começando desde já a elaborar um programa eleitoral para o próximo ano — embora a decisão sobre a coligação fique só para mais tarde, segundo apurou o Observador junto de fonte próxima da direção do partido. Para isto, Paulo Portas vai dar “trabalhos para casa” aos conselheiros de modo a reunir propostas que visam combater a ascensão de Costa à esquerda e criar uma alternativa.

Para isto contribui a criação do gabinete de estudos liderado por Graça Moniz e coordenado pela vice-presidente do partido e ministra da Agricultura, Assunção Cristas. Este gabinete vai dividir-se em seis grupos de trabalho que estudarão as propostas para a próxima legislatura — entre alguns dos temas tratado estão a soberania, as finanças, as políticas sociais ou o território. Estes grupos devem estar estabelecidos em fevereiro e os trabalhos devem estar concluídos até junho, independentemente da decisão do partido de ir coligado ou não às legislativas. O partido terá ainda uma nova estratégia de comunicação e vai realizar várias reuniões descentralizadas por todo o país.

À Lusa, Nuno Magalhães disse que o objetivo é procurar novos caminhos e respostas para o ciclo novo” de 2015. “Não escondemos que 2015 será particularmente exigente e temos de estar preparados para ter uma agenda e um contrato de confiança com o eleitorado e com os militantes, do ponto de vista do reforço desta tendência de crescimento económico”, afirmou o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães.

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Alternativa quer uma decisão “partilhada” sobre futuro da coligação

Filipe Anacoreta Correia, que faz parte do Conselho Nacional, disse ao Observador que espera que a reunião não esteja condicionada pelos temas que já foram anunciados, e pretende debater “a questão da coligação”. “Não no sentido de tomar uma decisão, mas de querer que a decisão seja partilhada e que os militantes possam ser ouvidos”, afirma. O líder da tendência Alternativa e Responsabilidade vai pedir que se realize um referendo interno ou um congresso extraordinário para apurar a opinião dos militantes perante a possibilidade ou não de manter a coligação nas legislativas de 2015.

“Tenho sentido que muitos militantes têm vontade que isto seja debatido, pode até haver clivagens no partido caso isto não aconteça. Os militantes querem participar nesta decisão”, afirma Anacoreta Correia, alegando que as decisões políticas têm sido tomadas pela cúpula do partido e nem sequer pelo próprio Conselho Nacional, como na sua opinião aconteceu no Orçamento do Estado para 2015.

Sobre um dos temas mais polémicos do congresso, o regresso anunciado do 1º de dezembro, Anacoreta Correia considera a data importante, mas pensa que o tema “não tem relevância para além da mediática”. No entanto, o centrista acha que é positivo que o partido tenha “emendado a atitude persecutória” contra o deputado Ribeiro e Castro, que tem vindo a defender a manutenção do feriado nos últimos anos.

Mais temas na agenda de um Conselho Nacional cheio

O Conselho Nacional do CDS-PP, órgão máximo entre congressos, irá discutir e votar moções setoriais de estratégia apresentadas no 25.º Congresso, que se realizou em janeiro de 2014 e que decidiu na altura discutir apenas as moções globais.

Uma das moções é da autoria de Miguel Moreira da Silva, irmão do ministro do Ambiente, e de Maria Luísa Magalhães de Almeida e fala exatamente sobre a fiscalidade “inteligente” relacionada com o ambiente. A fiscalidade verde foi um tema fraturante entre o CDS e o PSD no seio da coligação, mas também do lado dos centristas havia propostas. “A fiscalidade assume uma importância vital para alterar comportamentos e direcionar estratégias empresariais “, aponta esta moção intitulada “Energia e Ambiente: um novo modelo de desenvolvimento”.

Serão ainda debatidas outras moções como a de José Manuel Rodrigues que quer um “Compromisso pela Madeira” e propõe assim o estabelecimento de um entendimento entre o CDS, o PSD e o PS para “prosseguir os objetivos aprofundar a autonomia, flexibilizar o Plano de Ajustamento Económico e Financeiro, estudar e propor um novo enquadramento entre a região e o Estado”. Estas são apenas algumas das propostas do deputado regional do arquipélago.

Os conselheiros nacionais vão ainda votar o Regulamento dos Autarcas Populares, apresentar uma “nova estratégia de comunicação do CDS-PP, preparada por João Almeida, e fazer “o ponto da situação das comemorações dos 40 anos do CDS”.