Paulo Dybala ficou no banco frente à SPAL no último sábado mas, até pelo estatuto que conseguiu nesta Liga dos Campeões – onde chegou à quinta jornada com mais golos marcados (quatro) do que jogos realizados (três) –, regressou de forma natural às opções iniciais de Massmiliano Allegri para a receção da Juventus ao Valencia que poderia carimbar a passagem aos oitavos de final após a inesperada derrota caseira diante do Manchester United nos últimos minutos da partida. E inspiração para mais uma grande noite europeia não lhe faltava, vinda do suspeito do costume: Cristiano Ronaldo.

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No último treino antes da partida com os espanhóis, e depois de mais um recorde alcançado nesta nova aventura em Turim (foi o mais rápido a apontar dez golos na época de estreia pela Vecchia Signora, depois do nono na Serie A apontado frente à SPAL), o português mostrou-se bem disposto, sorridente e, como sempre, capaz de inventar qualquer coisa que se torna viral em pouco tempo – desta vez, estando bem atrás da linha de fundo descaído para o lado direito da baliza, conseguiu fazer uma rosca de pé esquerdo que levou a bola a entrar, deixando entre outros o jovem argentino quase de boca aberta perante o que vira. É também por causa de pormenores como este fora de campo que CR7 chegou, viu e venceu em Turim. A marcar e a assistir.

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O ambiente no Juventus Stadium, com todo o espetáculo com luzes na antecâmara da entrada das equipas, já era por si só bom mas tornou-se particularmente emotivo logo no primeiro minuto, quando no topo Sul foi erguida uma tarja que continuou bem exposta ao longo do encontro e que era dedicada a Gianluca Vialli, antigo avançado dos bianconeri (que ganhou tudo o que havia para ganhar no clube entre 1992 e 1996, antes de se mudar para o Chelsea) que assumiu esta semana estar a travar um luta contra um cancro que lhe foi diagnosticado há um ano. Estava dado o mote para mais um triunfo com dedicatória especial para o antigo internacional transalpino mas que, em termos qualitativos, não se confirmou na primeira parte.

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Logo no terceiro minuto, Cristiano Ronaldo mostrou a sua vontade de marcar quando recebeu a bola bem fora da área descaído na esquerda, viu a entrada pelo flanco de Alex Sandro mas preferiu ainda assim o remate que Neto travou com dificuldade. No entanto, seria preciso esperar quase até ao intervalo para se ver mais um tiro com algum perigo, desta feita por Cancelo, em arco, a fazer passar a bola ao lado. O lateral português ainda se cruzou algumas vezes com Gonçalo Guedes mas esteve mais tempo num despique direto com o lateral valenciano Gayá, o que resume bem o maior domínio territorial nos 45 minutos iniciais dos italianos, ainda que com dificuldades na ligação ao último terço e dois lances onde ficaram a reclamar grande penalidade, por supostas faltas sobre Mandzukic (após cruzamento de Ronaldo) e Pjanic.

Assim, e depois de um remate forte e cruzado de Wass que levou perigo à baliza da Juventus (28′), seria mesmo o Valencia a ter a melhor oportunidade da primeira parte e no último lance antes do apito final, quando Kondogbia conseguiu antecipar-se após um canto na direita do ataque para uma defesa excecional de Szczęsny quase por instinto em cima da linha.

Se o arranque da partida já tinha sido algo incaracterístico, o reatamento foi ainda mais confuso. Ronaldo, de livre direto, atirou forte mas à figura de Neto e esse seria o único remate entre demasiadas bolas perdidas e jogadas quebradas a meio. O jogo necessitava de um golo para abrir e foi dos pés de portugueses que tudo nasceu: Cancelo, que atuou como lateral esquerdo após a saída ao intervalo de Alex Sandro (entrou Cuadrado para o lado contrário), abriu em Ronaldo, o capitão da Seleção ganhou espaço para o cruzamento tenso e Mandzukic, na pequena área, só teve mesmo de encostar para o 1-0.

Pouco depois, Diakhaby ainda colocou na sequência de um livre a bola na baliza da Juventus mas o lance acabou por ser bem anulado depois do desvio com o braço do central. O Valencia queria ter mais presença no último terço para manter em aberto as aspirações na Liga dos Campeões mas com isso também foi deixando os espaços que permitiam outro tipo de saídas da Vecchia Signora em transições rápidas, concluídas com remates de Dybala (defesa de Neto) e Ronaldo (ao lado). O português ainda ficou perto de aumentar a vantagem de cabeça após canto mas o guarda-redes dos espanhóis estava atento (73′), enquanto o conjunto de Marcelino Toral conseguiu algumas boas aproximações mas sem objetividade no momento decisivo – e com Gonçalo Guedes sempre muito ativo na esquerda, nesta altura em duelo direto com Cuadrado.

Cristiano Ronaldo, que apontou apenas um golo até ao momento na Liga dos Campeões (frente ao Manchester United), podia ter igualado aos 33 anos o recorde de Raúl, antigo avançado do Real Madrid que marcou a 33 adversários na Champions. Desta feita, não conseguiu. Ainda assim, ajudou a Juve em mais um triunfo na presente temporada (16.º em 18 jogos) com uma assistência e garantiu desde já o apuramento para os oitavos de final da competição.