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Manuel pegou na tela em branco e desenhou uma obra de (Ug)arte (a crónica do Benfica-Sporting)

Este artigo tem mais de 2 anos

Foi titular porque não havia Palhinha e acabou por registos melhores do que Palhinha: Ugarte foi dos melhores do Sporting contra o Benfica na Luz, numa noite em que os leões derrotaram os encarnados.

SL Benfica v Sporting CP - Liga Portugal Bwin
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O médio uruguaio foi titular na ausência de João Palhinha, que está lesionado

NurPhoto via Getty Images

O médio uruguaio foi titular na ausência de João Palhinha, que está lesionado

NurPhoto via Getty Images

Um dérbi que nunca é lateral só poderia ter uma questão central. Divididos por um ponto, com a liderança em ex aequo em jogo e no regresso aos confrontos com milhares de adeptos nas bancadas, Benfica e Sporting discutiram nos últimos dias a ausência de dois defesas: Lucas Veríssimo, que não vai voltar a jogar até ao fim da temporada, e Coates, que testou positivo à Covid-19 a meio da semana. E se era certo que Jorge Jesus tinha perdido no brasileiro um pilar defensivo, também era certo que Rúben Amorim tinha perdido um capitão.

“O Coates vai estar 15 ou 20 dias sem jogar, nós temos o Lucas Veríssimo que vai estar um ano todo sem jogar. Não me interessa quem possa jogar no Sporting ou quem não possa jogar no Benfica. O importante é quem teremos para lançar no jogo. Não posso branquear o valor do Coates mas, para os treinadores, já não conta muito quando um jogador está fora. No nosso caso, temos de contar com os que temos. É nisso que projetamos o nosso trabalho durante a semana. Mas não posso branquear o valor desse jogador e a importância que tem em muitas áreas do jogo do Sporting, disso não tenho qualquer dúvida”, começou por dizer o técnico encarnado na antevisão, com o homólogo leonino a responder de forma semelhante.

Ficha de jogo

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Benfica-Sporting, 1-3

13.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Benfica: Vlachodimos, André Almeida (Taarabt, 74′), Vertonghen, Otamendi, Lázaro (Yaremchuk, 45′), Grimaldo, Weigl (Gilberto, 74′), João Mário, Rafa, Everton (Pizzi, 85′), Darwin (Gonçalo Ramos, 85′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Meïté, Seferovic, Morato

Treinador: Jorge Jesus

Sporting: Adán, Gonçalo Inácio, Luís Neto, Feddal (Ricardo Esgaio, 55′), Pedro Porro, Matheus Reis, Manuel Ugarte (Nuno Santos, 90+3′), Matheus Nunes, Sarabia (Tiago Tomás, 83′), Pedro Gonçalves (Daniel Bragança, 90+3′), Paulinho

Suplentes não utilizados: João Virgínia, Bruno Tabata, Flávio Nazinho, Dário Essugo, Gonçalo Esteves

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Sarabia (8′), Paulinho (62′), Matheus Nunes (68′), Pizzi (90+6′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Feddal (1′), a Paulinho (2′), a Pedro Porro (20′), a Vertonghen (22′), a Weigl (27′), a Sarabia (33′), a Pedro Gonçalves (45+3′), a Ricardo Esgaio (73′)

“O grande senão da ausência do Coates é se precisarmos de um segundo avançado para o jogo de cabeça, essa é a grande falha. O outro que jogar lá terá um lugar pesado mas estará preparado. Temos saldo positivo sem o Coates mas é mais do que um jogador para nós. Estará em contacto com a equipa e vamos deixá-lo orgulhoso. Faz falta o Coates defesa mas também o Coates goleador. Tivemos de trabalhar outras coisas. Sobre quem faz mais falta, ele ou o Lucas Veríssimo, depende da conferência. Se for nesta, o Coates faz mais falta. Se for na do mister, o Lucas faz mais falta lá”, atirou Amorim.

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Certo é que, pelo meio e mesmo que não parecesse, o Sporting também não podia contar com João Palhinha, que se lesionou na última jornada. Assim, sem grandes surpresas, o treinador dos leões lançava Luís Neto no lugar de Coates no trio de centrais e Manuel Ugarte no meio-campo no lugar do internacional português — ou seja, não insistia na ideia que apresentou na última vez que foi à Luz, no final da época passada, quando colocou Daniel Bragança com Matheus Nunes no setor intermédio e acabou por sair derrotado. Do outro lado, Jorge Jesus voltava a apostar em André Almeida enquanto terceiro central, escolhia Lázaro para o corredor direito e deixava Seferovic e Yaremchuk no banco, colocando Darwin e Everton na companhia de Rafa no ataque.

A entrarem em campo já depois de o FC Porto ter vencido o Portimonense no Algarve, Benfica e Sporting defrontavam-se com várias certezas: uma vitória leonina deixava a liderança no mesmo sítio mas os encarnados a quatro pontos dos rivais; uma vitória encarnada deixava os dragões na liderança isolada, o Benfica a um ponto do primeiro lugar e os leões com menos dois do que o FC Porto e menos um do que a equipa de Jorge Jesus; um empate deixava os dragões na liderança isolada e leões e encarnados ainda separados por um ponto, no segundo e no terceiro lugar.

O jogo começou de forma expectável, com uma intensidade acima da média e uma agressividade saudável que empurrou o ritmo da partida para os píncaros logo nos instantes iniciais. Feddal viu cartão amarelo no primeiro minuto depois de uma falta dura sobre João Mário, Paulinho também foi admoestado na sequência do mesmo lance por protestos e depressa se percebeu que Artur Soares Dias pretendia segurar o dérbi com mão de ferro. O Sporting começou claramente melhor, com maior presença no meio-campo adversário e o primeiro remate do jogo, por intermédio de Sarabia e para fora (6′), enquanto que o Benfica procurava adaptar-se à pressão alta dos leões para conseguir sair de forma apoiada e consistente.

Antes disso, contudo, a equipa de Rúben Amorim abriu o marcador. Com uma jogada de ataque deliciosa, Pedro Porro combinou com Pedro Gonçalves no corredor central e o internacional português desenhou uma assistência perfeita para Sarabia, que na esquerda, de primeira e sem deixar a bola cair atirou para bater Vlachodimos (8′). O Sporting carimbava a entrada forte e positiva com um golo dentro dos 10 minutos iniciais mas o Benfica soube reagir: os encarnados subiram as linhas, encostaram o adversário ao último terço e ficaram perto de empatar por intermédio de um cabeceamento de Grimaldo (11′), outro de Darwin (16′) e ainda um remate do avançado uruguaio que Adán encaixou (24′). O melhor período encarnado, contudo, não durou sequer até à meia-hora, altura em que o conjunto leonino voltou a tomar as rédeas da partida.

Com posse de bola e uma reação muito forte à perda, o Sporting recuperou o equilíbrio, voltou a estender-se no relvado e assumiu o controlo. Paulinho não permitia que Weigl recebesse a bola dos centrais, os leões colocavam sempre dois elementos a pressionar a saída de bola do Benfica e Manuel Ugarte ia realizando uma exibição notável, não deixando que Rúben Amorim tivesse demasiadas saudades de João Palhinha. A equipa de Jorge Jesus explorava essencialmente os corredores, procurando fugir à congestionada faixa central, e apostava muito nas subidas de Grimaldo pela esquerda — até porque, esta sexta-feira, o central do Sporting pela direita era Luís Neto e não Gonçalo Inácio, que atuava ao meio e no habitual lugar de Coates.

Até ao intervalo, de forma coincidente com o ritmo do jogo, o Sporting ainda ficou muito perto de aumentar a vantagem. Pedro Gonçalves atirou ao poste com um remate cruzado (38′), num lance onde a subtil intervenção de Vlachodimos foi essencial, e ainda rematou por cima de fora de área (43′). Já nos descontos, Paulinho ainda acertou na baliza, num remate à meia volta depois de um cruzamento na esquerda de Matheus Reis e de um desvio inicial de Sarabia (45+1′), mas o golo foi anulado pelo VAR por fora de jogo do avançado português. No fim da primeira parte na Luz, o Benfica estava a perder com o Sporting e tinha feito apenas um remate enquadrado.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Sporting:]

Ao intervalo, Jorge Jesus tirou Lázaro para lançar Yaremchuk mas manteve o desenho tático, com Everton a trocar de flanco e a recuar, Rafa a manter-se à direita e Darwin a descair para a esquerda do ataque para abrir espaço para o ucraniano na faixa central. Quando o brasileiro conseguia projetar-se para a frente, pelo corredor, André Almeida encostava e funcionava quase como lateral direito. Sem estarem cumpridos dez minutos de jogo, o Sporting sofreu uma contrariedade: Feddal teve uma lesão muscular e pediu de imediato a substituição, com Ricardo Esgaio a entrar para assumir o corredor esquerdo e Matheus Reis a integrar o trio de centrais pelo lado canhoto.

Certo é que, pelo meio, o Benfica ia atravessando o melhor período na partida. Gonçalo Inácio afastou um cabeceamento que ia para a baliza (60′), Darwin acertou na trave de cabeça depois de um cruzamento de João Mário (60′) e o mesmo João Mário apareceu sozinho na área a rematar para uma defesa atenta de Adán (62′). Na resposta, porém, os leões foram cruéis, letais e eficazes: Matheus Nunes conduziu o contra-ataque em velocidade, temporizou quando chegou à grande área e desmarcou Paulinho, que à saída de Vlachodimos picou a bola com muita classe para aumentar a vantagem leonina na Luz (62′).

Os encarnados voltaram a responder, com mais um remate na trave mas por intermédio de Rafa (64′), mas a eficácia leonina fez xeque-mate. Matheus Nunes, com mais uma arrancada em transição ofensiva, apareceu na cara de Vlachodimos e atirou para aumentar a vantagem (68′), coroando uma exibição brilhante no meio-campo. Por esta altura, muitos adeptos encarnados abandonaram a Luz — e Jorge Jesus decidiu fazer duas substituições de uma vez, lançando Taarabt e Gilberto e assumindo o 4x4x2, para depois ainda colocar Pizzi e Gonçalo Ramos. Até ao fim, Darwin ainda colocou a bola no fundo da baliza depois de uma assistência de Yaremchuk mas o lance foi anulado por fora de jogo do ucraniano (82′) e Pizzi, nos descontos, fez o golo de honra dos encarnados com um grande remate cruzado (90+6′).

O Sporting venceu o Benfica na Luz de forma clara, chegou à 12.ª vitória consecutiva para todas as competições e mantém-se na liderança da Primeira Liga com os mesmos pontos que o FC Porto. Já os encarnados somam o segundo jogo sem ganhar nos últimos três e estão agora a três pontos dos principais rivais. Num dia em que Matheus Nunes fez uma grande exibição, em que Adán defendeu tudo o que havia para defender, em que Pote, Paulinho e Sarabia foram cruciais e Gonçalo Inácio garantiu que Coates não era protagonista sem estar em campo, o destaque tem de ir para Manuel Ugarte. O médio uruguaio foi aposta de Rúben Amorim na ausência de João Palhinha e teve números superiores aos do internacional português em ações defensivas, recuperações e interceções. Mais do que isso, deu uma certeza: deixou de ser verdade a ideia de que Palhinha é completamente insubstituível no meio-campo leonino.

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