A diabetes mellitus é uma doença que afecta 380 milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, uma em cada dez pessoas tem a doença e destas quase metade ainda não sabe. Os números são alarmantes e podem ser lidos no último relatório da Sociedade Portuguesa de Diabetologia.

A diabetes (tipo 1 e tipo 2) é uma doença em que se verificam alterações na produção de insulina pelo pâncreas, e daí resulta a incapacidade do organismo em processar os açúcares. A diabetes tipo 1, também conhecida por “insulinodependente”, obriga à injeção diária de insulina por via intra-muscular, que é classificada de acordo com a sua ação em duas categorias principais: insulina rápida e  de ação prolongada. A primeira é a tomada às refeições, a segunda uma ou duas vezes por dia. Estas soluções injetáveis têm sido a única forma de garantir o controlo dos níveis de açúcar nestes doentes, um método eficiente mas que tem associado o desconforto inerente à técnica.

Mas esta realidade pode estar prestes a mudar: no final do mês passado foi aprovado pela FDA (entidade norte-americana com algumas competências semelhantes ao português Infarmed) uma solução de insulina de ação rápida inalável. Em vez de uma picada ao almoço e ao jantar, a maioria dos doentes com diabetes tipo 1 vai passar a poder inspirar uma solução de insulina (pela boca, num processo idêntico ao tratamento da asma). Contudo, este método não vai poder ser usado por pessoas com certas patologias respiratórias nem por fumadores. Para já a FDA autorizou a utilização apenas em adultos e exigiu mais testes antes de permitir estender a utilização às crianças, para quem esta solução inalável promete ser ainda mais prática e eficaz – por se tratar de um método indolor.

A Afrezza (o nome comercial desta nova insulina de ação rápida) deverá ser comercializada nos Estados Unidos da América a partir o próximo ano, mas na Europa, segundo informou o Infarmed, ainda nenhum pedido deu entrada na Agência Europeia de Medicamentos (EMA), organismo responsável pela avaliação científica dos pedidos de autorização de introdução no mercado de medicamentos na União Europeia.

A insulina inalável, enquanto fármaco, não é uma novidade. Há sete anos, a gigante Pfizer viu-se obrigada a retirar do mercado o Exubera, naquele que ficou conhecido como um dos maiores fracassos comerciais de sempre na indústria farmacêutica. Na altura, a FDA e a EMA aprovaram o medicamento, mas os médicos não confiaram na segurança a longo prazo, não receitaram o medicamento e os prejuízos foram de centenas de milhões de dólares. A Pfizer acabou por retirar a insulina inalável do mercado.

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