O suicídio de Austen Heinz, fundador da Cambrian Genomics, em maio, pôs a imprensa internacional a falar sobre as doenças mentais associadas a profissões com elevados níveis de stress. O assunto ainda nem tinha esfriado quando a notícia de mais duas mortes abalou o ecossistema de empreendedorismo norte-americano. E fez com que surgissem novas iniciativas entre os empreendedores.

Josh Greenberg, cofundador da Grooveshark, foi encontrado morto em casa no domingo, na Florida, e ainda não se conhece a causa. Tinha 28 anos. Faigy Mayers, fundadora e líder da Appton, saltou do terraço de um bar, em Nova Iorque, na segunda-feira. Tinha 30 anos e a queda de 20 andares fez com que fosse declarada morte no local. Ainda não há certezas, mas de acordo com as declarações dos amigos, Faigy sofria com uma depressão.

As notícias não foram indiferentes a um dos membros da rede internacional de jovens empreendedores Thousand Network, que resolveu desafiar os colegas para uma iniciativa experimental de prevenção, apurou o Observador. Objetivo: formar uma rede de apoio que permita que os jovens tenham sempre alguém disponível para conversar sobre o que os perturba ou angustia.

A ideia surgiu no grupo internacional privado que a Thousand Network tem no Facebook, ao qual pertencem 992 pessoas. Um empreendedor iraquiano a viver no Canadá resolveu lançar o repto num post do grupo e não faltaram comentários de apoiantes. “Experiência: à procura de pessoas que nos ‘puxem para cima'”, escreveu.

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“Gerir uma startup é muito difícil e para algumas pessoas pode até ser demais. Gostava de desenvolver uma experiência neste grupo para ver se conseguimos encontrar um modelo que nos ajude a aliviar o stress que sentimos ao gerir uma startup. A minha irmã sugeriu-me que fizéssemos uma linha de apoio à antiga. E eu acho que pode resultar”, escreveu?

Em que consiste? Simples. Cada um dos membros que quiser participar deve identificar nos comentários as pessoas da rede que considere as melhores quando o objetivo é animar quem está mais deprimido, ou seja, “as pessoas a quem recorrem para obterem apoio, conselhos e para ter as conversas mais duras”.

“Eles são os melhores ouvintes, não julgam, relacionam-se super bem com os outros e dão conselhos práticos. Partilhem esse amor e identifiquem-nos abaixo”, escreveu o empreendedor, antes de pedir aquilo que na sua perspetiva vai marcar a diferença: o compromisso de uma hora por dia para ouvirem quem mais precisa de conversar. O objetivo é encontrar pessoas suficientes para preencher as 24 horas do dia.

“Se tiveres sido identificado por um amigo, diz-me se estás disponível para dedicar uma hora do teu dia para atender telefonemas. A tua função será conversar, como um bom amigo faz. Se estiveres disposto, escolhe uma hora que seja boa para ti, diz-me qual é o teu fuso horário e qual é o teu número”, escreveu.

Por último, pediu ajuda técnica: alguém que se disponibilizasse para desenvolver um sistema básico de reencaminhamento de chamadas. A ideia é criar um único número para chamadas de emergência e que estas sejam direcionadas para as pessoas que estão disponíveis para aquela hora.

Cinco horas depois de o empreendedor ter publicado o post, já tinham sido identificadas mais de 50 pessoas nos comentários.