Algo se passa na Sibéria. Foi noticiado por todo o mundo, nas últimas semanas, o aparecimento de três crateras gigantes na região da península de Iamal, na Rússia. E, até agora, não se sabe a razão. Mas alguns especialistas já têm teorias: um tipo de sumidouro nunca antes visto ou um monte de neve, chamado de pingo, que colapsou.

Falou-se em meteoritos, alienígenas e teorias da conspiração relacionadas com fracking, uma técnica de exploração de gás natural muito contestada devido a razões de segurança, por causa do aparecimento destas crateras. E não é sem razão. Por exemplo, uma das cavidades tem mais de 70 metros de profundidade, o equivalente a um edifício de sete andares.

Entretanto, algumas explicações já começaram a emergir. De acordo com o jornal LiveScience, alguns especialistas acreditam que aquelas três crateras possam ser um tipo de sumidouro permafrost, um tipo de solo encontrado na zona do ártico, nunca antes visto. Um sumidouro é uma depressão ou um buraco no chão causado pelo colapso da camada à superfície.

Vladimir Romanovsky, um geofísico da universidade de Fairbanks, no Alasca, afirmou ao portal LiveScience que as crateras na Sibéria podem ter sido causadas pelo derretimento da camada permafrost ou gelo. Também espantado, Romanovsky disse que de alguma forma, em vez de o material colapsar para dentro, estes buracos empurraram material para fora.

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Nas imagens divulgadas das crateras, é possível ver terra no perímetro da cratera, quase como tivesse ali acontecido uma explosão. “Isto nem está na literatura [científica]. Estamos a lidar com uma coisa nova”, afirmou.

Outro cientista, Chris Fogwill, da Universidade de New South Wales, na Austrália, sugere que a primeira cratera surgiu quando um pingo, termo em inglês, – um monte coberto de neve que se forma no Ártico – colapsou.

Os investigadores enviados para o local da primeira formação retiraram amostras de solo e água, de modo a determinar quando é que a cratera se formou, mas para já ainda não há resultados. A península do Iamal, na Rússia, tem algumas das maiores reservas de gás do país. Uma das crateras está localizada a 30 quilómetros do maior campo de gás local, Bovanenkovo.

Mikhail Lapsui, um deputado no Parlamento regional, contou que os residentes da região aperceberam-se da primeira cratera já em setembro de 2013. “Voei de helicóptero para inspecionar este ‘funil’ no sábado, dia 19 de julho. O diâmetro tem cerca de 15 metros. Também existe terra de fora, como se fosse resultado de uma explosão subterrânea”, disse a um jornal local.

Vladimir Romanovsky também disse à LiveScience que o desenvolvimento de sumidouros permafrost pode estar relacionado com o aquecimento global.