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Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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No Le Bar Commun em Montmartre, Paris, a grande maioria votou em Jean-Luc Mélenchon

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

No Le Bar Commun em Montmartre, Paris, a grande maioria votou em Jean-Luc Mélenchon

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A noite em que Paris não foi uma festa

Macron e Le Pen passam à segunda volta, sem surpresa. Há quem apele a um voto em Macron, mas Mélenchon e grande fatia da esquerda estão na encruzilhada da sua vida — e não há música que os salve.

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“Falo-vos de um tempo / Que aqueles com menos de 20 anos não conheceram / Montmartre naquele tempo / Pendurava os seus lilases”.

Estamos precisamente em Montmartre e o grupo que ainda resta no Le Bar Commun, no final da noite eleitoral deste domingo, canta a plenos pulmões La Bohème, de Charles Aznavour. Apesar da sua tenra idade, aqueles quatro amigos parecem chorar com conhecimento de causa uma juventude que ficou para trás, como se também eles chorassem por um tempo que já não volta — o tempo em que França era um país que votava maioritariamente à esquerda, talvez. À canção de um dos mais famosos artistas franceses, segue-se “A Internacional” a capella. Se dúvidas houvesse, ficou claro que estes são jovens que este domingo votaram “pour la gauche”, em Jean-Luc Mélenchon. Mas agora, depois de uma noite eleitoral em que viram, uma vez mais, Emmanuel Macron e Marine Le Pen passar à segunda volta como em 2017, preferem cantar e não pensar na difícil decisão que terão que tomar daqui a duas semanas sobre como votar na segunda volta das presidenciais.

O seu voto pode ser, de facto, decisivo. À direita, tudo está clarificado: Éric Zemmour apelou ao voto em Marine Le Pen (União Nacional), dizendo que, apesar dos “desentendimentos”, é melhor votar nela do que em Emmanuel Macron que, de acordo com o candidato da extrema-direita, “não disse uma única palavra sobre segurança e imigração e que irá fazer pior ainda se for eleito”. À esquerda, porém, tudo está em aberto: Jean-Luc Mélenchon, que viu o sonho de ultrapassar Le Pen e ir à segunda volta esfumar-se por uma curta percentagem, sublinhou que os seus eleitores não devem votar em Le Pen, mas ficou aquém de apelar ao voto em Emmanuel Macron. A decisão que estes eleitores órfãos tomarem no dia 24 de abril pode, por isso, ser decisiva. No Le Bar Commun pesaram-se prós e contras — mas a noite foi mais marcada por lágrimas do que decisões racionais.

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A desilusão na esquerda era palpável; e se o bar estava cheio ao início da noite, quando Macron discursou já restavam poucos

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Votar em Macron na segunda volta? “Não vou repetir o erro”

Não que a questão não tenha sido pensada já durante a campanha. Quando Caroline Potel saiu de casa para ir ter ao Le Bar Commun, este domingo à tarde, pouco antes de serem divulgadas as projeções, às 20h, já achava que Mélenchon não ia passar à segunda volta. “Não estou muito convicta”, confessava, minutos antes de serem conhecidas as sondagens à boca das urnas. “Vim aqui mais pelo convívio. O que quer que aconteça, é mais fácil se estivermos acompanhados, não é?”

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Perante essa intuição — que viria a confirmar-se poucos minutos depois —, surge inevitavelmente a questão sobre o que irá fazer perante uma segunda volta entre Macron e Le Pen. “Vou votar Macron, mas sem convicção, porque eu sou uma pessoa de esquerda e ele não é de esquerda. Mas votarei nele, porque Le Pen seria ainda pior”, admite a jovem, antes de furar a multidão para tentar encontrar um lugar no bar apinhado que lhe permita assistir à divulgação das projeções. Elas não tardam: 28% para Emmanuel Macron, 23% para Marine Le Pen. “Oooooh”, comenta toda a sala, num som ambíguo que tanto ilustra alívio pelo facto de a extrema-direita não vir em primeiro lugar como desilusão por Mélenchon não passar à segunda volta.

Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Os eleitores mais à esquerda dividem-se sobre o que fazer na segunda volta: apoiar Macron ou votar em branco?

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O representante comercial Thomas está de costas para o ecrã e prefere concentrar-se na sua cerveja. “Não é uma surpresa”, diz ao Observador, a propósito dos resultados. Veio para o bar porque considerou que seria mais interessante do que ficar a fazer “outra máquina de roupa”, mas está resignado e sem entusiasmo pela noite eleitoral. Ao contrário de Carolina, Thomas não tenciona dar o seu voto a Macron na segunda volta: “Que se lixe isto tudo. Não consigo votar em nenhum destes dois candidatos”, afirma.

São as duas posições que os eleitores de Mélenchon e de outros candidatos da esquerda como Yannick Jadot (Verdes) e Anne Hidalgo (Partido Socialista) podem vir a tomar no dia 24 de abril, e que podem ajudar a decidir uma eleição que as sondagens apontam agora como muito mais renhida do que há alguns meses.

São também um sinal da debilidade em que se encontra a fraturada esquerda francesa, com um Partido Socialista moribundo que não foi além dos 1,7% (abaixo de Mélenchon, dos Verdes e dos Comunistas), e que não reconhece Emmanuel Macron como um dos seus. “As políticas dele são direcionadas para as grandes empresas e não para as pessoas”, diz ao Observador um advogado que trabalha para o Ministério do Ambiente do governo de Macron, que prefere não se identificar. “No plano ambiental, é evidente no meu dia a dia que as políticas deste governo não são suficientes, passamos a vida a perder casos em tribunal para as grandes empresas.” Perante este cenário, nem o facto de a alternativa a Macron poder ser a extrema-direita de Le Pen assusta este eleitor de esquerda: “Acho que vou votar em branco. Já votei nele em 2017 e desiludi-me demais, não vou repetir o erro.”

“Não daremos nenhum voto à senhora Le Pen”. Mélenchon diz que não quer Le Pen, mas não diz se quer Macron

Dois minutos depois destas declarações, Yannick Jadot dos Verdes discursava na televisão a pedir aos seus eleitores que apoiassem Emmanuel Macron. Neste bar, porém, apenas um rapaz aplaude, sozinho, tal afirmação. A resistência a Macron é palpável na sala.

A resistência a Marine Le Pen, porém, é ainda maior. Quando a líder da União Nacional aparece no ecrã televisivo, cerca de uma hora depois da divulgação das projeções, a audiência no Le Bar Commun não está pronta para lhe dar qualquer benefício da dúvida. “Tenho esperança de ser a força que reformará este país”, diz a candidata. “Pfffffff”, ouve-se na sala, som que será repetido quando Le Pen mencionar a “fraternidade” francesa. Quando a líder da União Nacional apela a “todos os que não votaram em Macron” para se juntarem a si, a sala irrompe em vaias. A esquerda parisiense não quer Macron, mas sente-se ofendida com a possibilidade de Le Pen pensar que pode contar com o seu apoio.

Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Marine Le Pen apelou a que todos os que não votaram em Macron a apoiassem na segunda volta

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Perante esta situação, o discurso de Jean-Luc Mélenchon pode ainda vir a fazer toda a diferença. Se o líder da França Insubmissa apelar diretamente a um voto em Macron, talvez eleitores como Thomas ou o advogado do ministério do Ambiente possam repensar a sua decisão de votar em branco. Quando Mélenchon abre a boca, faz-se silêncio em todo o bar, com todos os presentes prontos para ouvir o que tem o grande timoneiro a dizer: “A vida continua, o combate continua”, diz o candidato da extrema-esquerda, reconhecendo “a violência da deceção” do resultado, que o deixou, uma vez mais, aquém da segunda volta. Mas “a luta continua”, assegura.

Putain”, comenta, desiludido, um dos apoiantes presentes no bar. Uma mulher de meia idade chora copiosamente em cima da sua cerveja, enquanto outros reagem galvanizados às palavras do candidato que apoiam. Ainda não houve, porém, qualquer indicação sobre o que fazer na segunda volta. Até que surge o primeiro sinal de Mélenchon: “Sabemos em quem é que nunca iremos votar. Não daremos nenhum voto à senhora Le Pen!”. A sala irrompe em aplausos. A segunda parte, porém, sobre se isso significa dar um voto a Emmanuel Macron, nunca chega. O discurso termina rapidamente.

Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A reação dos clientes às primeiras projeções mostrava a desilusão por a segunda volta ser entre Macron e Le Pen

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Uma esquerda fraturada e perdida. “Chegámos a um ponto em que as pessoas votam no candidato que gosta mais de gatos”

Após o discurso de Mélenchon, parte dos presentes abandona a sala. Para eles, a noite eleitoral terminou. Outros estão prontos para continuar, afogando mágoas e tentando esquecer, tentando sobretudo não pensar no que fazer daqui a duas semanas. Éric Zemmour surge para discursar — discurso em que, ao contrário de Mélenchon, apelou diretamente ao voto num dos candidatos — e o Le  Bar Commun ignora-o coletivamente.

As conversas começam a sobrepor-se ao barulho da televisão e a grande maioria dos presentes parece disposta a começar a pensar na vida para lá da noite eleitoral. Mas não é o caso de Sophie Bochereau. Sentada a um canto, não consegue parar as lágrimas que continuam a teimar em cair. “Não esperava ficar tão triste, mas… Estou muito”, admite ao Observador.

Não exatamente pelos resultados. Esta antiga eleitora socialista apoiou Mélenchon desta vez e não ficou propriamente surpreendida com os resultados. Ao contrário de outros aqui, admite sem problemas que Macron poderá contar com o seu voto na segunda volta, “de forma estratégica”, porque “ele pode ser mau, mas pelo menos é democrático, ao contrário de Le Pen”. Mas, mesmo assim, as lágrimas teimam em surgir: “Aquilo que sinto é que no meu país as pessoas neste momento não querem saber, estão totalmente desligadas da política”, confessa. “Tanto Le Pen como Macron são candidatos sem programas claros, sem ideias, e as pessoas mesmo assim votam neles. Chegámos a um ponto em que as pessoas votam no candidato que gosta mais de gatos”.

O “debate” continua a ser algo que Sophie gostava que renascesse em França — razão pela qual ajudou a fundar este bar, que funciona como projeto coletivo aberto à discussão política, graças à ação de voluntários. Questionada, porém, sobre se procura o debate com os eleitores de Le Pen e Zemmour, Sophie limita-se a encolher os ombros. “Vivemos numa desconexão total entre os políticos e os eleitores”, diz apenas. E, ao contrário da maior parte dos amigos que aqui tem esta noite e que sentem sobretudo desilusão e raiva, Sophie procura olhar para dentro: “Estou sobretudo triste pela nossa incapacidade de perceber como falhámos coletivamente enquanto país”.

Eleições Presidenciais de França: dezenas de pessoas juntaram-se num bar em Paris, Le Bar Commun, para acompanharem juntos, os reultados da primeira volta das eleições para as presidenciais de França 10 de Abril de 2022 Paris, França TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Sophie Bochereau votou nos socialistas em 2017 e desta vez sente-se desiludida. “Vivemos numa desconexão total entre os políticos e os eleitores”, diz

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Atrás de si, Emmanuel Macron começa o seu discurso, o último da noite. “Agradeço a Anne Hidalgo (PS), Yannick Jadot (Verdes), Valérie Pécresse (Republicanos) e Fabien Roussel (PC) por me terem dado o seu apoio esta noite”, diz, a certa altura, deixando implícito que não considera que Mélenchon o tenha feito. O atual Presidente tenta deixar um sinal de que irá procurar a união, garantindo que está pronto a “inventar algo de novo para reunir diferentes sensibilidades e criar um grande movimento com elas”.

Mas o público alvo, que inclui muitos destes eleitores parisienses que votaram à esquerda e que podem ser decisivos para Macron, não está interessado. A voz do Presidente ouve-se ao fundo, mas a maioria já não olha sequer para o ecrã. Muitos vão saindo. Os que ficam, à medida que ajudam Sophie e os colegas a arrumar mesas e cadeiras, resolvem sair da letargia pelo resultado e dedicar-se a cantar em plenos pulmões. “I Will Survive”, garantem, depois de passar pela pop francesa de Michel Polnareff. Mas é quando alguém canta os primeiros versos de La Bohème que todos se juntam ao coro, de forma emocionada.

Os últimos versos assentam que nem uma luva a esta esquerda parisiense perdida, que se sente quase tão aliviada pelo facto de Le Pen não ter surgido à frente como revoltada pelo primeiro lugar de Macron. Agora, terá de decidir se o alívio se sobrepõe à dificuldade de colocar uma cruz no rosto de um Presidente que sentem que os traiu e que não os representa. “Já não reconheço as paredes ou as ruas que assistiram à minha juventude / No topo das escadas procuro o estúdio do qual já não resta nada / Na sua nova decoração, Montmartre parece triste / E os lilases estão mortos”, canta-se aqui no Le Bar Commun, de braço dado. A noite termina com música, mas sem festa. Na ressaca de amanhã, será preciso começar a pensar qual o caminho a tomar perante a encruzilhada em que a esquerda francesa se encontra.

Cátia Bruno e Tomás Silva são os enviados especiais do Observador a França

 
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